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Afinal, o aumento da margem do consignado é positivo ou negativo?
| Foto: Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas

Diante do momento de incertezas econômicas, provocado principalmente pelo novo coronavírus, o governo vem adotando diversas medidas com a intenção tanto de proteger a economia, como também de auxiliar a parte da população mais afetada. Dentre esses movimentos surgiu a MP936 que trata, entre outros assuntos, do aumento da margem do empréstimo consignado em 5% para aposentados, pensionistas e servidores públicos.

A medida, que é bastante esperada pelo mercado, foi vista com preocupação pelo Senado. Afinal são duas análises importantes. O lado econômico do país e o lado financeiro de cada contribuinte que pode contratar um empréstimo consignado. Aprovada na Câmara dos Deputados, a MP foi impugnada pelos senadores, mas deve voltar para votação em breve.

Falando sob a ótica do mercado financeiro, o aumento da margem é importante, pois injeta dinheiro novo na economia em um momento em que estamos precisando desse incentivo. Consequentemente, veremos um crescimento no consumo de bens e serviços, o que ajuda a retomada do país. Além disso, enfraquece a tendência de que mais para frente as instituições financeiras aumentem taxas de juros do empréstimo pessoal.

Já quando falamos sob a ótica do contratante do consignado, existem peculiaridades que precisam ser levadas em consideração. Afinal, se aprovado o aumento, ele comprometerá uma maior parcela do benefício ou salário, e terá adiante um endividamento maior. O passo inicial é levar em conta, que apesar de taxas mais acessíveis, não deixa de ser um empréstimo e não deve ser utilizado de forma abusiva para não se tornar um problema.

Quando utilizado como uma estratégia financeira, seja para pagar uma dívida maior, como cartão de crédito ou cheque especial, seja para cobrir despesas urgentes, como as de saúde, que podem surgir nesse momento de pandemia, o consignado é uma excelente alternativa. E o aumento da margem se torna benéfico.

O caminho, na minha visão, é balancear. Apesar de ter sido reprovada em um primeiro momento, o projeto de lei deve voltar em breve para votação. Nos bastidores existe uma grande movimentação das instituições financeiras para que o tema seja votado e aprovado. Também há o outro lado, que rebate utilizando principalmente o argumento do endividamento da população.

Falando de quem trabalha conectando os dois pontos, entendo que é necessário um equilíbrio entre as duas correntes. Acredito que é possível expandir a capacidade do crédito, mas sem desrespeitar o limite do que é racional no segmento de empréstimos. As discussões são benéficas, e o que se espera é que o Congresso possa chegar a um texto final equilibrado, que traduza esse momento diferente que estamos vivendo. E que se aprovado, que seja contratado com responsabilidade.

A expectativa para o aumento da margem é alta tanto para quem oferece como para quem contrata. Caso seja aprovado devemos viver a maior onda de procura e contratação do empréstimo consignado. Será um crescimento ainda difícil de medir, mas com certeza de muita importância. Se for reprovada, as instituições financeiras irão se adequar e inovar utilizando outras possibilidades.

O que é essencial, no fim das contas, é que seja uma decisão que não tenha idas e vindas e muito menos intervenções jurídicas, pois isso prejudicará o mercado, que trabalha com avaliação de risco. Se avaliada com cautela e olhar crítico sob todos os pontos de vista, será possível chegar a uma alternativa boa para a nossa necessitada economia e também para os aposentados, pensionistas e servidores.

Roberto Braga é co-fundador da bxblue, startup de empréstimo consignado online.

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