• Carregando...

É alarmante a frequência com que heróis midiáticos são protagonistas de atos de violência, irresponsabilidade e absoluto desdém pe­­los demais. Geralmente de origem hu­­mil­­de, passam muito rapidamente a ganhar quantidades de dinheiro que nem sequer compreendem, a ser adulados, paparicados, endeusados. Raramente conseguem processar o que ocorre em suas vidas, e passam a acreditar que estão realmente aci­­ma das leis, da sociedade, de tudo. À me­­nor frustração reagem pessimamente, não raro de modo violento, com frequência utilizando drogas, deixando evidente a ausência de méritos intelectuais, normalmente resultantes da participação em um processo educacional no seu sentido mais amplo, ou seja, aquele em que, além da escola, está envolvido o apoio de uma família ou mesmo de uma religião.

Bons mestres fazem bons alunos, diz o ditado popular. São visíveis as situações onde faltou um bom professor, um senso de dever, um auxílio para o autoconhecimento.

Vivemos tempos nos quais uma ordem de valores anacrônica ruiu ao peso de seu próprio dogmatismo, temos imensa dificuldade em assumir novos valores, tememos que o exercício legítimo e necessário da autoridade passe por autoritarismo, relutamos em pensar de modo original para não afrontar o modo de pensar tido como correto. Esquecemos que algumas coisas devem, sim, ser proibidas, e outras obrigatórias. Matar, torturar, sequestrar, roubar, são ações proibidas, e proibidas devem ser sempre. Leis não foram criadas para dificultar nossas vidas, ao contrário, muitas delas são estabelecidas e devem ser acatadas exatamente para que possamos viver em comunidade, de forma civilizada. Valores são e sempre serão necessários.

No momento em que as classes C e D chegam à classe média, em que se pretende aumentar as bibliotecas escolares, que museus têm sido abertos em várias localidades, preservando o acervo cultural da comunidade, auxiliando o trabalho dos professores e facilitando o aprendizado dos alunos, é indispensável a meta de uma expansão do acesso à educação.

Muito já foi feito, com a ampliação da rede escolar e do crédito educativo. No entanto, a imensa maioria de nossa juventude chega ao mercado de trabalho, principalmente na área esportiva e de lazer, sem preparo formal, desconhecendo minimamente as questões éticas, o legado da cultura e das tradições humanas. Lamentavelmente, não conseguem lidar direito nem com o sucesso, tornando-se muitas vezes vítimas de toda sorte de infortúnios.

Garantir o estudo é garantir uma co­­munidade mais saudável e equilibrada, com normas de convivência adequadas e propiciadoras de felicidade. A melhor maneira de ser cidadão é através do conhecimento. Em termos educacionais, falta ainda adequar com efetividade o ensino a este novo aluno, mediar o acesso sem, no entanto, diminuir a qualidade, o que é um desafio. Produzir mais pessoas educadas é também produzir melhores cidadãos.

Wanda Camargo é presidente da Comissão do Processo Seletivo das Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil)

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]