Imagem ilustrativa.| Foto: Unsplash, James Baltz/Reprodução
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A conjuntura político econômica vivida no mundo atualmente tem trazido grandes desafios para o produtor rural brasileiro. Essa assertiva se traduz na luta constante do homem do campo contra a inflação, a alta de juros, a falta de crédito no mercado, os reflexos financeiros das perdas nas safras passadas, o aumento sucessivo no preço dos combustíveis e o impacto econômico mundial da guerra na Ucrânia, principalmente no que diz respeito à suspensão do fornecimento de fertilizantes à agricultura brasileira.

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É preciso destacar que esse momento adverso tem sido agravado pelo sucessivo aumento dos preços de bens e serviços, acentuando o processo inflacionário que reduz consideravelmente o poder de compra da moeda brasileira. E mais, o apontado quadro sinaliza para a necessidade de maiores gastos com margens pressionadas, o que enseja o avanço da taxa básica de juros da economia. Aqui cabe ressaltar que, quando a taxa Selic sobe, o custo do dinheiro fica mais caro, dificultando o acesso às linhas de crédito e financiamento, dentre as quais aquelas ligadas ao Plano Safra.

A despeito desse revés econômico, vale lembrar que muitos produtores rurais estão lutando judicialmente para que não sejam leiloados os imóveis que ofereceram em garantia para a obtenção de financiamentos agrícolas, o que é feito tanto mediante a contratação de assessoria jurídica especializada para anular leilões, quanto através de renegociação bancária por novos prazos para pagamento ou por meio da contratação de novos empréstimos.

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Por aí se vê que o atual cenário econômico é desafiador para o produtor rural, porquanto os custos de produção da safra 2022/23 se elevaram consideravelmente em um momento em que muitos agricultores ainda suportam efeitos econômicos adversos decorrentes da perda de safras passadas, culminando na restrição ao crédito necessário ao agronegócio.

Essa discussão é importante porque, embora ainda estejam na reta final do plantio da safra verão 2021/22, os agricultores já precisam cuidar dos preparativos para o próximo ciclo, o que enseja cuidados imediatos com o planejamento financeiro para a tomada de crédito para a compra antecipada de insumos, implementos, investimento em novas terras para cultivo, aquisição de máquinas e benfeitorias em geral.

Ocorre que o Plano Safra, apresentado recentemente pelo governo federal, é insuficiente para subsidiar a produção agrícola frente a tamanhos desafios. Em linhas gerais, o agronegócio é muito bom para os discursos políticos, mas nem sempre a previsão orçamentária do governo reflete a importância desse setor para o desenvolvimento do país, o que gera muitas incertezas para os produtores rurais.

Esse diagnóstico se alinha com a percebida transformação estrutural da agenda do crédito rural, marcada justamente pela gradativa diminuição do suporte então fornecido pelo governo federal, o que, ao seu turno, abre uma janela de oportunidades para que o produtor conheça e contrate novas modalidades de financiamento junto às instituições privadas, com condições diferenciadas em limites, juros, carências e prazos.

Vale considerar que o contexto macroeconômico brasileiro e global pós-pandemia com uma guerra em andamento é completamente diferente daquele que se tinha à época da preparação para a safra atual. Agora, este momento de incertezas não pode significar menos recursos para o produtor moderno, profissional e atualizado que sabe que só ter boa produtividade não é mais o suficiente para a conquista de resultados satisfatórios para sua empresa rural.

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A atividade empresarial do agronegócio precisa abrir outras fontes de relacionamentos com bancos privados, bancos cooperativos ou com fintechs para ter acesso a juros aceitáveis, de modo a evitar a eterna dependência exclusiva dos recursos federais, que oscila ao sabor de interesses políticos da gestão governamental.

Como é imprevisível e pouco provável que haja uma rápida melhora nas atuais condições da economia global, o produtor rural precisa pensar no aproveitamento do preço em alta das cotações de milho e soja para a comercialização futura dessas commodities com as tradings, uma vez que essa é uma importante alternativa para a proteção do agricultor por meio da definição de preços para o ano seguinte.

Não parece uma boa alternativa a captação de recursos financeiros a juros altos para deixar em aberto o preço das commodities na expectativa de sua valorização em um cenário econômico muito oscilante, onde é provável a necessidade de se comprar insumos (adubos, defensivos, combustíveis, maquinários etc.) muito mais caros dos que estão em vigência.

A análise de toda essa conjuntura transmite a mensagem central de que o setor privado pode ser uma alternativa interessante para os produtores rurais que estão buscando recursos e que precisam deles para planejar ainda mais detalhadamente não só sua nova temporada, mas, principalmente, a gestão do seu agronegócio com uma boa saúde financeira.

Renato Dias dos Santos, advogado atuante em Direito Agrário e do Agronegócio, é membro da Comissão de Assuntos Agrários e do Agronegócio da OAB/MS e sócio fundador do escritório Renato Dias dos Santos Advocacia & Consultoria.

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