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Memorial aos Judeus Mortos da Europa, também conhecido como Memorial do Holocausto, em Berlim (Alemanha).
Memorial aos Judeus Mortos da Europa, também conhecido como Memorial do Holocausto, em Berlim (Alemanha).| Foto: Markus Christ/Pixabay

Hoje, 27 de janeiro, Dia Internacional da Memória do Holocausto, lembrar a tentativa de genocídio do povo judeu é especialmente importante. Não apenas porque homenageia a libertação do campo de extermínio de Auschwitz – 77 anos se passaram desde então –, mas também devido ao recente aumento da retórica antissemita e dos ataques em todo o mundo.

O antissemitismo assume muitas formas e tem muitas causas. Isso levou à perseguição do povo judeu desde a Antiguidade e deveria ter desaparecido com o advento dos direitos humanos modernos. No entanto, em vez de desaparecer, o ódio sobrevivente mais antigo e a violência que o acompanha estão em marcha.

O ódio aos judeus é único porque pode emanar de indivíduos, líderes religiosos, sociedades e governos em todo o mundo, mesmo em lugares onde não há judeus.

A ascensão das mídias sociais, combinada com a pandemia, forçando interações on-line, criou um ecossistema tóxico no qual os judeus são frequentemente alvos de ódio

Embora represente uma ameaça aguda aos judeus e à vida comunitária judaica, o antissemitismo é muitas vezes tolerado de uma forma que não se aplica ao ódio contra outros grupos. Esta tolerância já é, em si mesma, uma forma de discriminação antissemita.

O antissemitismo sempre prosperou em tempos de agitação, quando as teorias da conspiração se espalham e os bodes expiatórios são procurados. A ascensão das mídias sociais, combinada com a pandemia, forçando interações on-line, criou um ecossistema tóxico no qual os judeus são frequentemente alvos de ódio. E palavras antissemitas muitas vezes levam a atos terríveis de violência.

A negação do Holocausto não é novidade; no entanto, os negadores agora podem atingir o público preparado para acreditar nas teorias da conspiração por esses tempos incertos. Uma pesquisa da Liga Anti-Difamação (ADL) descobriu que apenas 54% da população mundial já ouviu falar do Holocausto; não é de admirar que os negadores explorem essa deficiência de conhecimento para promover o antissemitismo.

Outros, seja por sua própria ignorância ou ignorando deliberadamente fatos históricos, usam temas relacionados ao Holocausto para avançar em suas agendas não relacionadas. Esse tipo de distorção se enquadra na definição de negação e distorção do Holocausto, conforme estabelecido pela Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA), por sua minimização do impacto do Holocausto.

As comparações com os horrores do Holocausto – durante o qual 6 milhões de judeus foram horrivelmente e sistematicamente assassinados – não são apenas absurdas, elas são malignas. Trivializar o sofrimento dos alvos do extermínio comparando-o com as dificuldades atuais mancha a memória das vítimas.

A luta contra o antissemitismo em geral, e contra a negação e distorção do Holocausto em particular, não deve ser travada apenas pelos judeus e seus aliados, ou mesmo pelo Estado judeu. É uma luta que deve ser travada pela comunidade internacional, bem como por todos os Estados, governos locais e organizações dedicadas aos direitos civis e ao antirracismo. Além disso, cada indivíduo que acredita que o ódio e a desinformação põem em risco a democracia e os valores pelos quais vivemos deve juntar-se a esta boa luta.

A ignorância da tentativa de genocídio do povo judeu há apenas sete décadas não deveria mais ser aceitável. O silêncio diante do ódio aos judeus não pode mais ser tolerado

Por seu lado, Israel está empenhado em combater o antissemitismo e honrar a memória do Holocausto. No início deste mês, Israel, juntamente com a Alemanha, apresentou uma resolução da ONU sobre a negação do Holocausto. Adotada por consenso na Assembleia Geral em 20 de janeiro, a resolução contém medidas práticas, como pedir aos Estados e agências da ONU que desenvolvam proativamente programas educacionais, e apresenta à comunidade internacional a necessidade de as empresas de tecnologia agirem contra o antissemitismo e a negação do Holocausto.

A ignorância da tentativa de genocídio do povo judeu há apenas sete décadas não deveria mais ser aceitável. O silêncio diante do ódio aos judeus não pode mais ser tolerado. À medida que a última geração de sobreviventes do Holocausto atinge a velhice, o fardo de lembrar o passado e ensinar as gerações futuras passa para todos nós.

Daniel Zohar Zonshine é embaixador de Israel no Brasil.

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