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Para Fiep, medida afeta a competitividade da indústria paranaense
Imagem ilustrativa| Foto: Gelson Bampi/Sistema Fiep

O Brasil abriga um setor químico de vasto potencial, capaz de catalisar o crescimento econômico e a inovação. Em 2021, este segmento contribuiu com cerca de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial do país, gerando um impressionante faturamento em torno de R$ 1,12 trilhão. Além disso, mais de 890 mil pessoas encontraram emprego no setor, enfatizando sua importância para o mercado de trabalho nacional.

Contudo, essa indústria e o segmento cloro-soda em particular, que produz um dos principais insumos de várias cadeias, tem enfrentado desafios que prejudicam sua competitividade frente a outros mercados internacionais. Nos últimos 10 anos, a oferta doméstica do cloro e da soda não apresentou crescimento, enquanto as importações de produtos químicos aumentaram, principalmente, dos EUA e China. Esse panorama é preocupante para a indústria brasileira, dado que esse é um dos setores de maior encadeamento na economia e sua performance impacta diversas cadeias, como saúde, saneamento, celulose, alumínio e petróleo. Adicionalmente, ela fornece insumos e matérias-primas para indústrias de plásticos, espumas e pigmentos, entre outros.

O estudo Rota Estratégica da Indústria de Cloro-Álcalis, realizado de forma colaborativa entre indústrias, governo, instituições de pesquisa, organizações do terceiro setor e academia, aponta as principais barreiras para o crescimento do setor de cloro e soda no Brasil. Uma das principais é a falta de isonomia entre o Brasil e os principais países exportadores pela não existência ainda de uma política industrial ao longo de toda a cadeia de cloro-álcalis, a falta de programas de investimento voltados à PD&I no setor produtivo e a insegurança jurídica para a realização de investimentos de longo prazo.

As barreiras que impedem este setor de se desenvolver não param por aí. Até mesmo a baixa disponibilidade de profissionais formados com conhecimentos específicos para atuação na cadeia de cloro e soda entra nessa lista, assim como, a ausência de oportunidades de mercado para alocação de hidrogênio sustentável, a falta de linhas de investimento para economia verde, a ausência de métricas e padronizações quanto às práticas de ESG na cadeia de cloro-álcalis, a burocracia nas operações de transporte de carga e outros desafios.

Mas essas questões nos motivaram a buscar soluções para estimular investimentos e potencializar o setor. Essas ações têm o potencial de atrair até US$ 600 milhões em investimentos adicionais na indústria de cloro e soda até 2035, se forem bem-sucedidas. As ações foram divididas em quatro grandes blocos: políticas públicas e articulação, mercado nacional e global, ESG e comunicação, e ainda, logística e infra-estrutura. Com elas poderemos alcançar um crescimento de até 40% na produção nacional até 2035. Nosso objetivo é elevar a produção de cloro, soda, hidrogênio e derivados de 1,2 milhão para 1,8 milhão de toneladas até 2035.

Reconhecemos que o caminho será desafiador. Atualmente, o setor opera com aproximadamente 20% de ociosidade devido à falta de crescimento nos segmentos consumidores, como a indústria química e a produção de termoplásticos. Por isso, é crucial aprimorar a competitividade em relação a empresas estrangeiras, o que implica na redução dos custos de produção, como gás natural e energia elétrica, além da carga tributária em cascata em toda a cadeia, combinada com a ausência de políticas industriais incentivadoras.

A sustentabilidade será um elemento central na busca pela competitividade da nossa indústria, uma vez que o setor químico desempenha um papel essencial na transição para uma economia verde. Aproveitar a nossa matriz energética verde existente será fundamental para competirmos com produtos de menor impacto ambiental e, para isso, cabe participar ativamente das discussões globais sobre certificações verdes e mercado de carbono.

O levantamento citado, a Rota Estratégica da Indústria de Cloro-Álcalis, transcende um mero diagnóstico. Ela convoca a ação coletiva. Precisamos unir forças para superar barreiras e desafios, fomentar investimentos, estimular a inovação e criar um ambiente propício à competitividade do setor no Brasil. O futuro da indústria brasileira depende da nossa habilidade em agir estrategicamente, de forma sustentável e colaborativa.

Milton Rego, engenheiro mecânico, economista e especialista em Gestão, é presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor) e da Clorosur.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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