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Bêbado, drogado e viciado. Quem nunca ouviu estes termos sendo utilizados para julgar uma pessoa? O fato é que essas poderosas palavras são empregadas de maneira errada quando designadas para descrever um distúrbio ou problema de saúde.

O uso abusivo de substâncias como álcool e outras drogas deve ser retratado como “dependência química”, termo um tanto quanto recente desde a sua origem. Foi apenas em 1964 que a Organização Mundial da Saúde (OMS) introduziu o termo “dependência” para substituir os termos “vício” e “habituação”. Mais tarde, em 1967, o termo “alcoolismo” ingressou pela primeira vez no Código Internacional de Doenças (CID-8).

Apontar o dedo e estabelecer julgamentos não é saudável

Até então não se entendiam as dependências como uma doença, mas sim como um desvio de caráter, falta de personalidade ou de força de vontade. Muitas vezes os usuários eram chamados de bêbados, viciados e drogados, entre tantos outros termos pejorativos.

A dependência, seja ela qual for, não se desenvolve por uma escolha, mesmo porque o dependente não tem controle sobre esse desenvolvimento, já que o uso continuado de qualquer substância psicoativa provoca uma modificação no funcionamento cerebral. O termo “dependência química” pode ser usado em referência à dependência de múltiplas substâncias psicoativas ou com referência específica a determinado medicamento ou classe de drogas.

Embora a doença da dependência seja aplicável a todas as classes de substâncias psicoativas, há diferenças entre os sintomas de dependência característicos de cada substância. Um dependente químico e/ou alcoólico tem um desejo incontrolável de consumir a droga, aumentando a quantidade do uso com o passar do tempo para se conseguir o mesmo efeito. Surgem sintomas de desconforto psíquicos e físicos quando ela interrompe ou diminui o uso, e, para diminuir este desconforto, ela continua usando a substância. Frequentemente a pessoa usa mais droga e por mais tempo do que pretendia. Pode haver uma tentativa ou o desejo de parar ou diminuir o uso, mas ainda sem sucesso.

A mudança do comportamento dependente é uma caminhada carregada de conflitos, sendo essencial a utilização de todas as condições disponíveis para auxiliar o sujeito a se engajar num processo de recuperação. Apontar o dedo e estabelecer julgamentos não é saudável; por isso, procure ajudar pacientes e pessoas com esses perfis. O engajamento e não acomodação dos familiares, a identificação preventiva, a busca de auxílio especializado e o acompanhamento de longo prazo são aliados da caminhada bem-sucedida.

Marina Vidal Stabile é psicóloga da clínica Quinta do Sol, de Curitiba.
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