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1.° semestre: a economia brasileira cresceu! Isto se verifica quando traduzo esse crescimento da economia em aumento de produção, em aumento do PIB. Então, aos fatos, no 1.° trimestre deste ano a taxa de crescimento da economia brasileira foi de 1,4% em relação ao trimestre anterior, e de 3,4% quando comparado ao mesmo período do ano anterior. O interessante nesse primeiro semestre é o perfil deste crescimento em que, contrariando anos anteriores, a retomada não vem sendo do setor externo, mas sim da demanda interna e dos investimentos.

O que ajudou este crescimento: a) o impulso da demanda interna, através do consumo doméstico (aumento de 0,5% em relação ao último trimestre de 2005, devido à queda da taxa de juros, redução dos níveis de desemprego e aumento da salário mínimo) e do consumo do governo (aumento de 1% também em relação ao último trimestre de 2005 devido aos gastos em ano eleitoral) e; b) dos investimentos (aumento de 3,7% da Formação bruta de capital fixo), com as indústrias recompondo os seus estoques e o setor de construção civil aquecido (financiamento imobiliário mais acessível à população e o aumento do investimento público em infra-estrutura).

A contribuição por setor: o PIB industrial teve aumento de 1,7% em relação ao trimestre anterior e 5% quando comparado ao 1.° trimestre de 2005 (puxado, principalmente pelo aumento na produção de petróleo/gás e de minério de ferro). O setor de serviços também cresceu, porém 1,8% em relação ao trimestre anterior e de 2,8% em relação ao 1.° trimestre de 2005 e, a agropecuária amargurou queda de -1,8% e relação ao trimestre anterior e de -0,5% sobre o 1.° trimestre de 2005. Então, tecnicamente, o país cresceu!

A Balança Comercial que vinha produzindo vigorosos superávits, ajudando a vitaminar a economia, está sofrendo as reações adversas com a valorização do real em relação ao dólar. Com isso, o crescimento das importações de bens e serviços foram maiores que o da exportação. O crescimento de jan/jun foi de 12,3% para as exportações (destaque para os bens manufaturados, básicos e semimanufaturados) e de 21% para as importações (destaque para os bens de consumo, bens de capital, combustíveis e lubrificantes), em relação ao mesmo período do ano anterior. De janeiro até a 1.ª quinzena de junho, as exportações somam US$ 53,346 bilhões e as importações US$ 36,571 bilhões, gerando saldo positivo de US$ 16,775 bilhões. Em 2005, o saldo de jan/jun foi de US$ 19,659 bilhões.

2.° semestre: crescimento? Provavelmente menor. Novamente viveremos um próximo semestre de incerteza, principalmente para economias emergentes como a nossa que, à mercê da volatilidade do mercado mundial, é altamente influenciado pelo efeito Bernanke – presidente do FED –, que quando balbucia sinais de ajustes na taxa de juros para evitar a pressão inflacionária americana não apenas respinga, mas joga baldes de água fria, esfriando os ânimos dos investidores.

De qualquer forma, o PIB deverá a continuar crescendo para o segundo semestre, porém com menor intensidade, a projeção é de crescimento entre 3,8% e 4% neste ano, com uma taxa de inflação próxima de 4,3%. É um crescimento baixo quando comparado com a expectativa dos países emergentes, em torno de 6,9%. Pior, não temos um crescimento sustentado, pois não se foi dado até o momento prioridade à reforma tributária e previdênciária para dar dinamismo à economia. Porém o que dizer da economia se neste país existem 14 milhões de brasileiros (7,7% da população) no estágio de "insegurança alimentar grave", ou seja, deixam de comer por não ter dinheiro para comprar alimentos.

E, por falar em dinheiro, o real deverá permanecer forte até as eleições, beneficiando a queda de preços, mantendo a inflação controlada que, atrelado a políticas de renda mínima como a Bolsa-Família, e apostando ainda na queda da taxa de juros, resultará no aumento da popularidade do atual governo. Esta cesta de otimismo segue a regra pré-eleitoral: população que consome tem as suas necessidades sendo satisfeitas e atende ao principal objetivo econômico que é o bem-estar da sociedade.

Perdem-se os dedos, mas não se perdem os anéis... Novamente, vamos continuar com a mesma sensação de termos perdido o bonde da história.

Hilda Pon Young é economista, engenheira química, especialista em Administração Industrial, mestre em Engenharia da Produção e professora da FAE Business School.

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