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Em seu artigo "O triste quadro da educação" (Gazeta do Povo de 18/2), Antônio Ermírio de Moraes afirma: "Embora tenhamos no Brasil várias ilhas de excelência, a nossa produtividade média é baixa em se tratando de educação, e a distância em relação a outros países está aumentando".

O Brasil apresenta, em termos de educação, problemas terríveis, que vêm crescendo com o decorrer dos anos. Ainda não conseguimos nos libertar da chaga do analfabetismo. O pesquisador do Ipea Jorge Abrahão nos relata que o Brasil tem hoje 14,6 milhões de analfabetos e mais 30 milhões de pessoas com mais de 14 anos que não concluíram o ensino fundamental de 1.ª a 4.ª série, os chamados "analfabetos funcionais", aqueles que chegaram a freqüentar uma escola, mas por falta de continuidade e consistência, permaneceram analfabetos ou semi-analfabetos. Dados revelam que de cada 100 alunos que entram na 1.ª série do ensino fundamental 89 concluem a 4.ª série e 54 terminam a 8.ª. Segundo um levantamento da Unesco baseado em 45 nações, o Brasil está entre os países com os maiores índices de repetência e evasão escolar. O que se conclui é que é inaceitável esse quadro educacional e que ele exige estratégias adequadas e conjuntas de políticos, professores e da sociedade em geral para ir às causas e atuar na prevenção do problema. O senador Cristovam Buarque levanta, neste momento, um grande movimento, o Educação Já, na expectativa de mobilizar a população para a "revolução pela educação". Diz ele que só uma pressão popular pode fazer os políticos investirem adequadamente na qualidade do ensino no país. O que propõe o senador em visita a várias cidades brasileiras é, dentre outras medidas, a adoção de um piso salarial nacional para os professores, a construção de 30 mil novas escolas e reformas em 100 mil já em funcionamento.

O que se espera é que o país siga o exemplo de nações como a Coréia do Sul e a Irlanda, que priorizaram a educação e deram a volta por cima. Os economistas Eduardo Giannetti da Fonseca e o irlandês Dan O’Brien, a convite da Fundação Lemann, fizeram recentemente, em São Paulo, palestra sobre a ineficiência do nosso país em oferecer um bom ensino.

Ao estudarem as raízes do fracasso brasileiro em termos de educação, os economistas dizem que o Brasil vai mal por um motivo: faltou pensar no futuro.

O’Brien relata que países onde a educação funciona com um bom ensino consideram relevante a fixação de metas acadêmicas, a manutenção de professores capazes de executá-las e a adoção de um sistema preparado para cobrar resultados. (Revista Veja de 18/4).

Sejamos realistas: estamos vivendo novos tempos, novas famílias, nova sociedade, novos alunos. Para esse novo momento, como pedagoga, afirmaria que professores devem questionar sobre suas aulas e sua própria visão de educação. Procurar em conjunto com os membros da escola e da comunidade novas formas de tratar o ensino e a educação. Discutir com seus alunos os acontecimentos atuais. Não ter medo de inovar, formular novos exercícios, contar em sala de aula uma novidade, oferecer algo diferente, envolver os pais nas atividades escolares, levantar a auto-estima do aluno e a sua própria e, finalmente, aceitar que vivemos um novo momento. Melhor que mais questões surjam ao invés de respostas, para refletirmos sobre a prática docente. Questionar é sair do estado de acomodação. Levar o aluno a criar, inovar, sugerir, questionar, aprender e atuar de forma construtiva.

Para isso se faz necessário competência para ensinar e entender os novos tempos que vivemos. São necessárias mudanças substanciais nas nossas estruturas a começar pelos poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário e ainda um "quarto " poder: o Educacional. Citando Ermírio de Moraes, "já é hora de nosso governo levar a educação a sério".

Professores, vamos fazer a nossa parte e cobrar dos órgãos govenamentais os direitos da educação.

Elinor Eschholz Ribeiro é mestre em Educação, professora aposentada da UFPR e professora da Uniandrade.

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