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O Centro de Curitiba possui os melhores espaços urbanos da cidade e os melhores lugares para passear a pé e usufruir uma paisagem urbana bem conservada e com conteúdo histórico

Como qualquer cidade importante, Curitiba possui um "centro expandido" com vida urbana intensa e que concentra o maior número de equipamentos para atender seus habitantes e também turistas, cujo afluxo cresce a cada ano.

Sem precisar de um único centro, a cidade tem distribuída em sua superfície áreas residenciais e de comércio que atendem seu perímetro urbano estendendo-se pela região metropolitana. Mas este fenômeno de ampliação da urbe não abandonou a atenção sobre o centro tradicional, pelo contrário, permanece um processo de contínua revalorização.

O Centro Histórico de Curitiba inclui o Largo da Ordem, a Praça Tiradentes e as principais edificações que deram origem a ocupação da cidade e que compõem sua identidade. O calçadão da Rua XV, proposta de vanguarda na década de 1970, é o espaço público mais significativo de Curitiba. A Boca Maldita, institucionalizada na primeira quadra do calçadão, expressa o espaço democrático de manifestações cívicas.

As linhas de ônibus ainda convergem para o Centro. Enquanto o transporte coletivo aumenta o tamanho dos veículos, democratiza-se a aquisição do automóvel particular. As vias públicas estão cada vez mais abarrotadas de veículos, diminuindo os espaços de estacionamento, e o que é pior, o espaço para os pedestres.

A retirada dos grandes veículos de transporte coletivo com a instalação do metrô vai possibilitar a execução de mais calçadas e também de estacionamentos subterrâneos junto das estações. Locais de difícil estacionamento restringem o perfil do usuário do comércio e dos equipamentos da cidade.

Em um futuro próximo, o aumento de circulação de automóveis menores, com apenas dois lugares e com baixo consumo energético será mais adequados para circular em áreas densamente construídas.

Outro fenômeno que contraria uma melhor utilização do Centro da cidade é o aumento do porte dos equipamentos urbanos. Para atender áreas estratégicas da cidade, novos shopping centers são construídos seguindo rigorosas determinações de número de vagas por metro quadrado de área construída. A ausência dessas normas teria provocado danos maiores ainda para a cidade.

Grandes estacionamentos de veículos, como os que acompanham a construção desses equipamentos, deveriam ser construídos sob as praças e ruas do Centro da cidade. Essa ideia não é nova em Curitiba. Em 1943 Alfred Agache previa a execução de um estacionamento sob a Praça Tiradentes.

Um estacionamento sob a praça do Centro Cívico, em fase adiantada de estudo, será o primeiro a ser executado. A viabilização desses empreendimentos deverá acontecer através de parcerias do poder público com a iniciativa privada.

As iniciativas do Centro Vivo, organizado pela Associação Comercial do Paraná e o Corredor Cultural, organizado pela Universidade Federal do Paraná, serão otimizadas com a construção de estacionamento subterrâneo sob a Praça Santos Andrade.

O Teatro Guaíra terá outro aproveitamento com a apresentação mais diversificada de espetáculos, podendo-se ter acesso direto pelo estacionamento. Poderia se ir ao teatro e a um restaurante com uma única parada de carro.

Outro estacionamento sob a Praça Generoso Marques ampliaria o uso do espaço cultural do Paço da Liberdade. Um terceiro empreendimento poderia ser executado sob a Rua Marechal Deodoro.

Ampliar o acesso ao Centro da cidade viabilizaria empreendimentos comerciais, como hotéis, restaurantes e também moradias. Uma vida noturna mais intensa daria mais segurança para esses espaços não utilizados à noite e nos fins de semana.

O Centro de Curitiba possui os melhores espaços urbanos da cidade e os melhores lugares para passear a pé e usufruir uma paisagem urbana bem conservada e com conteúdo histórico. A construção de estacionamentos subterrâneos iria ampliar a utilização desses espaços criando novos usos principalmente para entretenimento e lazer.

Salvador Gnoato, arquiteto, é professor na PUCPR. Este texto integra uma rodada quinzenal juntamente com os autores Clovis Ultramari, Fabio Duarte e Irã Dudeque.

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