Prejuízo dos Correios chega a R$ 2,2 bilhões em 2024 após “taxa das blusinhas”| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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Ao longo dos meus dois mandatos como deputada federal, aprendi que os números de um governo não mentem. Aliás, eles gritam! E os dados mais recentes divulgados pelo Tesouro Nacional soam como um grande alerta para o país: as estatais federais registraram déficit recorde de R$ 2,73 bilhões apenas nos quatro primeiros meses de 2025 – um rombo que não pode ser normalizado, ignorado, ou, pior, tratado com indiferença política.

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Os Correios são exemplo de como as estatais são administradas. Símbolo histórico de integração nacional, os Correios eram lucrativos até pouco tempo atrás. Hoje, mergulham em prejuízos milionários – fruto direto de má administração, de aparelhamento político e de uma completa falta de foco em resultados. O que mudou? Mudou a gestão nas estatais: saiu o compromisso com a eficiência e entrou no lugar a velha prática do uso político da máquina pública.

O Brasil precisa, urgentemente, de mais gestores com visão de Estado e menos operadores de campanha. Não há bem-estar social sem gestão responsável. Não há futuro com contas no vermelho e empresas públicas e estatais afundando por politicagem

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Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em sua terceira gestão como presidente da República, tenta esconder este retrocesso sob a cortina de fumaça da “reconstrução”. Mas o que está em curso, de fato, é a destruição metódica do patrimônio público nacional, incluindo o das estatais. E quem paga a conta são os brasileiros, que enfrentam serviços públicos precários, impostos cada vez mais altos e um governo que age como se ainda estivesse em campanha eleitoral – ou preso no tempo, em sistema analógico. Mas há quem faça diferente!

Enquanto a União infla a máquina com 37 ministérios, muitos deles criados apenas para acomodar apadrinhados políticos, São Paulo segue um caminho mais enxuto e voltado à eficiência administrativa. O governo do estado implantou a Secretaria de Parcerias e Investimentos, responsável por estruturar concessões, desestatizações e Parcerias Público-Privadas (PPPs) em áreas estratégicas, como mobilidade urbana, educação e saneamento básico.

Por meio deste modelo de trabalho, já foram mobilizados mais de R$ 180 bilhões em investimentos, com foco em entrega, transparência e sustentabilidade fiscal. Trata-se de exemplo prático de como é possível gerir com seriedade e planejamento, sem ampliar a estrutura estatal, nem recorrer ao populismo. É um contraste evidente com a gestão federal, que parece mais preocupada com alianças para as eleições de 2026 do que com resultados concretos para a população.

Como jornalista por 25 anos e, há dois mandatos, como deputada federal por São Paulo, não posso silenciar diante do abismo entre as duas formas de governar: de um lado, o improviso, o palanque, a irresponsabilidade, que faz com que a estatais se deteriorem; do outro, a busca por soluções técnicas, o respeito ao dinheiro público e o compromisso com o legado. O Brasil precisa, urgentemente, de mais gestores com visão de Estado e menos operadores de campanha. Não há bem-estar social sem gestão responsável. Não há futuro com contas no vermelho e empresas públicas e estatais afundando por politicagem.

O Brasil merece mais. Não será por omissão que deixaremos o governo federal enterrar o que ainda resta de credibilidade no setor público e em nosso país.

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Rosana Valle é deputada federal pelo PL-SP, em segundo mandato, presidente da Executiva Estadual do PL Mulher de São Paulo, jornalista por formação há mais de 25 anos, e autora dos livros “Rota do Sol 1 e 2”.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]