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O funcionamento do espaço urbano está fortemente atrelado à mobilidade. A forma como nos deslocamos nas cidades tem impacto direto no acesso à convivência, saúde, educação, trabalho, moradia e lazer. Assim, a mobilidade se tornou um dos maiores desafios na administração das grandes cidades.

Enfrentar esse desafio exige iniciativas que vão muito além da simples ampliação de ruas, alargamento de viadutos e construção de trincheiras, entre outras ações. É particularmente relevante definir o uso do espaço urbano de forma integrada com as alternativas para os deslocamentos das pessoas e dar prioridade às soluções que gerem mais benefícios coletivos, como é o caso do transporte público.

Curitiba tem avançado ao longo dos anos, com a introdução de diversas soluções relacionadas à mobilidade. Exemplos mais recentes são as vias calmas, que colaboram para evitar acidentes, e as faixas exclusivas, trazendo para as ruas a mesma prioridade que o ônibus tem nas canaletas.

A faixa exclusiva implantada em julho do ano passado, em 2,5 quilômetros da Rua XV de Novembro, apresentou excelentes resultados para as 57,5 mil pessoas que diariamente utilizam 14 linhas de ônibus que passam entre a Avenida Nossa Senhora da Luz e a Rua João Negrão. O tempo de deslocamento no trecho, que era de 13 minutos, caiu para menos de nove minutos.

Reduzir o tempo de viagem dos ônibus é melhorar a vida na cidade

Quem está dentro de um ônibus sabe o significado da economia desses cinco minutos no dia a dia. Esse ganho inicial pode ser ampliado quando o ônibus chega ao ponto final. Se ele passar sem interrupções pelos pontos de maior congestionamento, o ganho se estenderá por toda a rota, em alguns casos com mais de 20 quilômetros.

A iniciativa na XV de Novembro deu tão certo que, consultados pela Urbs, passageiros de outras duas linhas de ônibus que seguiam pela Rua Itupava (Hugo Lange e Augusto Stresser) optaram por desviar a rota para a XV de Novembro, a partir da Ubaldino do Amaral.

Agora, a prefeitura implanta duas novas faixas exclusivas, com mais 100 mil passageiros beneficiados. Na Avenida Marechal Deodoro, a faixa vai da João Negrão até a Dr. Muricy; e, na Desembargador Westphalen, da Visconde de Guarapuava até a Getúlio Vargas, contemplando pontos que estão entre os mais congestionados na rota de diversas linhas de ônibus – quatro delas são também beneficiadas pela faixa exclusiva da XV de Novembro, o que significa que quase 13 mil passageiros estão sendo duplamente beneficiados.

As alternativas em estudo contemplam, entre outras, a ampliação da faixa da Westphalen até a Avenida Kennedy e a implantação de faixas na João Negrão, entre a André de Barros e a Chile; na Conselheiro Laurindo, entre a Chile e a Travessa Itararé; e na Alferes Poli, entre a Brasílio Itiberê e a Praça Rui Barbosa.

A criação de faixas exclusivas para o ônibus exige naturalmente uma acomodação de outras áreas, como comércio e trânsito em geral. Mas é certo que reduzir o tempo de viagem dos ônibus é melhorar a vida na cidade. Além do ganho social, em razão do menor tempo de deslocamento, as faixas exclusivas propiciam benefícios econômicos, pois o transporte coletivo é mais barato que usar carro ou ampliar ruas e estacionamentos. Também existem benefícios ambientais, já que o ônibus gera menos emissões e ruídos por pessoa transportada.

Assim, as faixas exclusivas, promovendo a melhoria do transporte coletivo, são um importante instrumento para promover a sustentabilidade e a melhoria da qualidade de vida nas cidades.

Roberto Gregorio da Silva Junior, engenheiro e doutor em Administração, é presidente da Urbs.
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