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Decorridos 52 anos do sacrifício da própria vida (24 de agosto de 1954) para não levar o povo brasileiro a uma luta fratricida, o estadista Getúlio Vargas ainda vive pela lembrança de suas realizações, que transformaram um país agrícola, baseado na monocultura do café, em moderna nação manufatureira.

A Revolução de 30 por ele chefiada nos deu a Usina Siderúrgica de Volta Redonda, indústria de base da nossa emancipação econômica, tornada realidade com empréstimo e fornecimento de maquinário pelos Estados Unidos, como contrapartida à posição do Brasil na 2.ª Guerra Mundial contrária ao "eixo", formado pela Alemanha, Itália e Japão, que resultou no envio de tropa expedicionária brava combatente versus o nazi-facismo em solo italiano, nos idos de 1944 e 1945.

Vargas criou a Cia. Vale da Rio Doce, que se transformou após 55 anos estatal (1942 a 1997) na principal extratora mundial de minério de ferro, com formidável estrutura portuária e de transporte ferroviário, destaque para a Serra de Carajás, maior província mineral do universo, com reservas para 400 anos de exploração. Deploravelmente, a "Vale" foi privatizada no governo Fernando Henrique Cardoso pelo ridículo valor de R$ 3,3 bilhões.

Getúlio promoveu a industrialização sem provocar traumas ou conflitos de classes, organizando a previdência social com os Institutos de Pensões e Aposentadorias e outorgando leis de proteção ao trabalhador em perfeita harmonia entre o capital e o trabalho, culminando com o decreto da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943, até hoje em vigência.

Vargas garantiu a nossa unidade territorial, como a espada de Duque de Caxias o fizera no Império. As polícias militares de São Paulo e Minas e a Brigada do Rio Grande do Sul tinham poder de fogo que se equiparava ao do Exército e podiam importar armas pesadas e equipamentos bélicos livremente. As bandeiras dos estados eram cultuadas tanto quanto ou mais que a do país.

Ele subordinou as polícias militares ao Exército, vedou-as de comprar armamentos no exterior e procedeu à queima simbólica das bandeiras dos estados no Panteon da Pátria no Rio de Janeiro. Só depois da Constituição de 18 de setembro de 1946 as bandeiras dos estados voltaram a ser hasteadas, garantida a supremacia da bandeira nacional.

No apogeu de força do ditador Adolf Hitler na Alemanha, em áreas de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, com predominância de colonização alemã, foram abertas sedes do Partido Nazista, prolongamento da matriz da Alemanha, e as escolas primárias alfabetizavam as crianças e os estudos prosseguiam exclusivamente em alemão, idioma falado nos lares e na convivência social. Havia risco real da formação de quistos raciais, alimentados pela pregação da ideologia nazista.

Em 1936, quando o Brasil vivia democraticamente sob a égide da Constituição democrática de 1934, o presidente da República Getúlio Vargas proibiu a alfabetização e o uso de línguas estrangeiras nas escolas, e baixou ato considerando ilegal o funcionamento do Partido Nazista, cujas sedes deveriam ser imediatamente fechadas.

O embaixador alemão no Brasil, Karl Von Ritter, com a arrogância peculiar aos nazistas, protestou veementemente contra essa decisão, exigiu que o governo recuasse e viajou para a Alemanha.

Getúlio Vargas manteve a proibição do Partido Nazista e declarou Karl Von Ritter "persona non grata", vetando seu retorno ao posto de embaixador do 3.º Reich aqui. É por isso que historiadores mais atentos dizem que o Brasil foi o primeiro país do mundo que enfrentou ostensivamente a prepotência de Adolf Hitler.

Eleito pelo voto popular em 1950 no seu último mandato, de 1951 a 1954, Getúlio Vargas fundou a Petrobrás, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) e o Banco do Nordeste e encaminhou a mensagem da Eletrobrás, consolidando as conquistas nacionalistas pela nossa independência econômica.

Na gestão 1930 a 1945, ele assegurou a soberania brasileira sobre a região amazônica, impedindo projeto de penetração da Amazon Development Corporation do magnata e "rei do petróleo" norte-americano Nelson Rockfeler.

A Carta-Testamento escrita com seu sangue e legada por Getúlio Vargas em 1954 deveria ser lida em todas as escolas brasileiras, reproduzida nos jornais, rádios e televisões cada dia 24 de agosto, como símbolo de exaltação à brasilidade e de crença no futuro glorioso da pátria.

Léo de Almeida Neves é ex-deputado federal e ex-diretor do Banco do Brasil.

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