| Foto: Felipe Lima

Ao falar dos megaeventos, embalados pelos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, seus benefícios e prejuízos, é importante lembrar, em primeiro lugar, que megaeventos não são somente os esportivos. São megaeventos os acontecimentos previamente planejados com objetivos definidos, abrangendo, além de um grande número de participantes, alto nível de envolvimento financeiro, articulação do setor público e privado, possibilidade de construção ou adaptação de instalações, além de gerar impacto sobre o sistema político-econômico-social da comunidade anfitriã.

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Podemos considerar os megaeventos como grandes projetos, que requerem planejamento de todos os detalhes, organização dos recursos, execução do planejado e sua devida avaliação e análise. Envolvem, por determinado tempo, diversos setores da economia, geram empregos, capacitam pessoas, trazem investimentos, maximizam a arrecadação de impostos, melhoram a infraestrutura (bem como a mobilidade e os transportes), criam novos negócios e potencializam outros já existentes, geram visibilidade e representatividade turística nacional e internacional, assim como acesso, evidência e fomento da temática do evento. Ou seja, os eventos não somente fazem a economia girar, movimentando direta e indiretamente quase todos os setores econômicos, como fazem a sociedade se movimentar, com melhorias significativas em várias esferas e com efeitos de curto, médio e longo prazos.

Ao ponderar os aspectos negativos, analise: seriam os megaeventos os responsáveis?

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O problema é o uso de recursos públicos

Não há qualquer argumento que justifique a sangria dos cofres públicos em patrocínio de eventos

Leia o artigo de Rodrigo Saraiva Marinho e Guilherme Sá Araujo, mestres em Direito Constitucional

Portanto, ao questionar quanto à realização de novos projetos grandiosos, como a Rio 2016 e a Copa de 2014 – e sabendo a amplitude de um megaevento e seus potenciais efeitos –, afirmo que teremos muitos outros ocorrendo no Brasil, e não somente envolvendo os esportes, como também no âmbito religioso, a exemplo da Jornada Mundial da Juventude de 2013; teremos megaeventos culturais, como as várias edições do Rock in Rio, e diversos festivais de música, teatro, dança e celebrações típicas e folclóricas como Parintins, e até nossos tradicionais desfiles de carnaval; megaeventos gastronômicos, corporativos, sociais, políticos, acadêmicos e de outras áreas de interesse e com grandes potenciais.

A Rio 2016 deixou seu legado, seja pela execução elogiada internacionalmente em vários âmbitos, como pelos diversos aspectos negativos como o superfaturamento, atrasos, desapropriações, gastos que poderiam ser direcionados a outras áreas e para benefício da sociedade de forma mais imediata. Ao ponderar os aspectos negativos, analise: seriam os megaeventos os responsáveis? Ou seriam as “soluções” e “tramoias” realizadas por alguns que se envolveram nesses grandes projetos, desviando recursos e desenvolvendo ações no mínimo duvidosas?

Nessa reflexão, sabendo das potencialidades do megaevento como um grande projeto, volto a ponderar a falta de profissionais sérios e capacitados, políticos comprometidos com a sociedade e não com interesses próprios, pessoas realmente engajadas nos aspectos positivos de cada projeto. Sei que vários não se enquadram nessa corja, e nesses focalizo minhas esperanças, confiança e voto, mas, infelizmente, ainda pagamos pelos ruins, pois suas ações impactam na vida de todos nós nas mais diversas áreas – basta analisarmos o contexto atual nos diversos âmbitos político-econômico-sociais.

Os megaeventos e grandes projetos continuarão a existir, e seus legados positivos dependem de nós, pois são feitos por pessoas e, principalmente, para as pessoas.

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Morgana Toaldo Guzela é coordenadora do curso de Gestão de Eventos do Centro Tecnológico Positivo.