Há muitos anos, os cientistas vêm alertando sobre os perigos do aquecimento da superfície terrestre, causado pelo acúmulo de gases estufa na atmosfera. Infelizmente, o aquecimento global já é fato consumado, sem possibilidade de reversão a curto prazo.

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As temperaturas registradas em todo o planeta, nos últimos anos, comprovam os prognósticos sombrios exaustivamente anunciados pela comunidade científica. Pesquisas recentes, publicadas pelo Painel Internacional para Mudanças Climáticas (IPCC), organização que reúne cientistas de todo o planeta, confirmam que as conseqüências dessas mudanças estão ocorrendo muito mais rapidamente do que se esperava. Se nenhuma medida for adotada para controlar a emissão dos gases estufa, em duas décadas ocorrerão mudanças climáticas radicais, como o derretimento acelerado das calotas polares e das geleiras alpinas, primaveras prematuras nas latitudes ao norte do planeta, elevação do nível dos mares, aumento de doenças tropicais, inclusive malária, em latitudes mais altas e o surgimento de novas pragas com sérios prejuízos para a agricultura. Reconhecer a necessidade de uma profunda mudança de entendimento com relação aos fatores responsáveis pelas drásticas alterações climáticas é responsabilidade dos líderes políticos mundiais, dos administradores locais e de toda a população. Entre as soluções apontadas para diminuir a emissão do gás carbônico (CO2), o mais importante dos gases estufa, estão a intensificação do uso do transporte coletivo e a utilização da bicicleta – símbolo mundial de transporte sustentável. É impossível exagerar a importância do uso da bicicleta. Além de ser um meio de transporte não poluente e silencioso, possibilita grande mobilidade urbana e traz importantes benefícios à saúde. Reduz o risco de doenças cardíacas, aumenta a circulação sangüínea no cérebro, fortalece os músculos, queima calorias, combatendo a obesidade; é um excelente auxiliar no controle da osteoporose e diabete, ajuda a diminuir as substâncias responsáveis pelo estresse, reduz a ansiedade e a depressão e aumenta significativamente a capacidade respiratória.

A cidade de Curitiba tem cerca de 150 km de ciclovias, mas o seu traçado nem sempre favorece, principalmente aos ciclistas trabalhadores, as condições ideais de tráfego, obrigando-os a trafegar nas ruas, em grande desvantagem, com os veículos motorizados.

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Soluções inovadoras com relação ao transporte coletivo e ao meio ambiente sempre foram características marcantes da cidade de Curitiba. Então, a implantação de ciclofaixas, com uma boa sinalização, a exemplo do que ocorre em diversas cidades da Europa e da Ásia, que facilitam a circulação de ciclistas, inclusive para o trabalho, representaria uma iniciativa muito importante. Soluções como essas devem ser complementadas naturalmente com uma intensa campanha de conscientização dos motoristas. Não se pode pensar apenas em medidas emergências, o ideal é promover ações preventivas, condição básica para a formação de uma sociedade sustentável, que supre as suas necessidades sem diminuir as perspectivas das futuras gerações.

Carlos Renato Fernandes é escritor e fotógrafo da natureza; membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, do Centro de Letras do Paraná e autor dos livros "O Paraná" e "Floresta Atlântica – reserva da biosfera".