Neste dia 21 de abril, embarco com mais 32 pessoas na viagem que nos levará a Roma para a canonização de João Paulo II. Em minha bagagem levo algumas roupas, a túnica e estola sacerdotal, e a memória do que vimos e ouvimos desse pontificado, fruto da acolhida e recepção do Vaticano II em dinamismo proposto por João XXIIII e seu aggiornamento, como ele próprio afirmava, e a necessidade de diálogo com o mundo moderno. Uma mentalidade de transição que foi seguida por Paulo VI até a eleição do cardeal polonês Karol Wojtyla, em 16 de outubro de 1978.
Minha visão eclesial foi formada pela orientação dada por meus pais e pelo desejo de uma Igreja participativa e em comunhão, pressupostos que a Conferência de Puebla indicou para toda a América Latina em 1979. Por ocasião da III Conferência Episcopal dos bispos da América Latina, o papa polonês fez sua primeira viagem apostólica e traçou linhas de ação para todo o continente.
O rosto do pontificado de João Paulo II apareceu na primeira encíclica, a Redemptor hominis, "Redentor do homem", publicada em março de 1979. O que dizer desse pontificado, desse homem que não se abalou nem com o risco de morte e que não se calou diante das misérias do mundo? Um homem de fé que mostrou a todos a força do amor de Deus, na redenção do homem. Como compreender o sagrado?
Como já mencionei, toda a minha formação de fé, de comunidade e presbiteral se deu sob a liderança do papa polonês. Poderíamos resumir em dez palavras o pontificado de João Paulo II: Deus, amor, família, diálogo, vida, justiça, trabalho, Igreja, catequese, santidade. São palavras em que ouso resumir um pontificado de uma pessoa incrível, que sempre acreditou no humano e de cuja dimensão e profundidade não conseguimos ter ideia.
Essas marcas, que carregamos até hoje, estão também presentes no pontificado do papa Francisco, no desejo de uma Igreja em comunhão e diálogo com o mundo para o banimento de muitas injustiças da sociedade e para a prática da bondade do amor de Deus, ancorada nos valores do Evangelho.
Quando jovem, Karol Wojtyla trabalhou em minas de calcário em Cracóvia. As pedras de cal serviram para ajudá-lo a entender as pedras da existência humana, o trabalho e as difíceis lições da vida familiar. Como ator, esteve em vários cenários que o tocaram e o levaram a compreender o momento presente como um dom. Ao ser canonizado e elevado aos altares de nossa Igreja Católica, João Paulo II sinaliza a todos nós que Deus nos chama à santidade. Somos convidados a mergulhar em seu mistério em tempos de tantas crises, instabilidade, anseios diante de um pragmatismo exagerado, com respostas imediatas e caminhos curtos. Que possamos crer e, em nossas orações, pedir que em nosso meio e em nosso tempo surjam homens e mulheres de boa vontade, para transformar a sociedade e edificá-la com os valores do Evangelho, que continuam sendo atuais e perenes diante de tanto sofrimento humano. Que João Paulo II e João XXIII nos ajudem com seu edificante testemunho de santidade.
Rivael de Jesus Nascimento, sacerdote e mestre em Teologia Pastoral, é coordenador da Ação Evangelizadora da Arquidiocese de Curitiba.
Rede de advogados, laranjas e familiares operacionalizava venda de sentenças de magistrados
Moraes vota contra pedido do X para desbloquear conta de Allan dos Santos
Governo Lula deu “um ano de lambuja” para bets e é maior culpado da crise, diz senador
Sob pressão, Lula começa a encarar a realidade negativa de seu governo