Se hoje, uma vez mais, o real prevaleceu sobre o ideal, re­­­manescem desafios ao Paraná, e em várias frentes, dentre elas a formação representativa das cortes superiores em Brasília

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O Paraná, unido por suas lideranças e seus legítimos interesses, vem de arrostar uma jornada que teve como centro uma vaga no Supremo Tribunal Federal. Destinatário desse exemplar empenho, expresso minha sincera gratidão a pessoas, entidades e lideranças de todos os segmentos e áreas.

Registro, com humildade, sadio orgulho em ter participado dessa travessia sob essa honrosa deferência; como escreveu José Saramago, devemos entregar nossas flores a quem saiba cuidar delas.

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Em tal intento, o Paraná doravante, com novos nomes, novas diretrizes e revigoradas forças deve persistir, uma vez que, na poética de Helena Kolody, "para quem viaja ao encontro do sol, é sempre madrugada".

Se hoje, uma vez mais, o real prevaleceu sobre o ideal, remanescem desafios ao Paraná, e em várias frentes, dentre elas a formação representativa das cortes superiores em Brasília, bem como a necessidade permanente de uma pauta republicana. Há de fazê-lo com vigor, constância e organicidade, a fim de, tal como Tamino na Flauta Mágica de Mozart, não temer submeter-se à prova.

À luz do semeador que simboliza o Brasão de Armas do Estado do Paraná, impende superar dois mitos: de um lado, uma suposta carência de identidade, como teria afirmado Pinheiro Machado ao tratar de certo "sebastianismo tardio" no seio paranaense; de outra parte, a inexistente carência de expressão política e econômica.

É o Paraná de hoje, além dos ministros de Estado que tem e de todos aqueles que já teve, uma das maiores economias do País e celebrará, ano próximo, o centenário da UFPR, pioneira universidade pública brasileira.

Nada obstante, lições podem ser hauridas dessa jornada que, embora se encerre para o subscritor deste agradecimento, abre as portas para a lúcida ironia de Machado de Assis: "Um filósofo antigo demonstrou o movimento andando."

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O Paraná sabe a causa; um projeto é apenas uma batalha, uma oportunidade, uma vaga no trem da história; uma causa, a seu turno, é luta de vida inteira, não uma oportunidade, mas, sim, todas as estações de pleno trem da vida.

Um imprescindível cosmopolitismo suprapartidário, de pensamento aberto e plural, vai dar ao Paraná o destaque merecido a paranaenses fortes e corajosos como Tamino, de Mozart.

O Paraná é uma terra que se escolhe para viver. Mais que isso: o Paraná é o agasalho de exemplos na arte, no Direito, na política e na vida empresarial.

Vivemos no Paraná autodidata e também acadêmico, que não fecha os olhos para a miséria humana e que também festeja a cor da vida; um Estado que, sem perder a sua identidade composta de cidades pequenas, adoráveis, onde todos se conhecem, se visitam e contam histórias, abre-se para a mundialização, na qual a forma artesanal de comunicação migra da simplicidade para complexidade.

Vivemos numa terra que se reserva como as aldeias que falam linguagens universais. Somos singulares, sim, e por isso mesmo não somos coadjuvantes.

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Meu agradecimento a todos que continuarão não apenas no sobreviver aos fatos, mas sim no existir com protagonismo, e se viver é uma viagem, tenhamos presente que "a viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam."

Como transeunte de uma jornada que pessoalmente se encerra, fica o desafio do Paraná que, no momento certo (kairós), fará, na sua viagem e seus movimentos, o tempo do futuro não tardar mais.

Luiz Edson Fachin é professor titular de Direito Civil da UFPR.