A Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil) tem sido, pelo menos nesses últimos três anos, uma espécie de voz isolada na luta contra a proliferação dos camelódromos em Londrina. Temos alertado sobre os riscos que todos corremos com a multiplicação do número de camelôs nas ruas e de boxes montados nesses novos empreendimentos espalhados pela cidade.

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O debate sobre o assunto, para a profunda decepção da Acil, acabou sendo praticamente reduzido a uma disputa de argumentos entre a entidade e os representantes dos camelôs. Como se apenas os interesses do comércio estivessem em jogo ou apenas os camelódromos tivessem responsabilidade sobre o que vemos em Londrina hoje.

Na realidade, esse tema é de interesse de todo o município, de todos os cidadãos que vivem e trabalham aqui, de todos os prestadores de serviço, dos industriais, daqueles que tiram o sustento de suas famílias com seu trabalho. Todos, sem distinção, perdem. Todos, igualmente sem distinção, precisam fazer a sua parte.

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Uma pergunta precisa ser feita: "O que queremos para Londrina?" A cidade passa por um momento muito delicado, com a criação dos novos camelódromos e a perspectiva de sermos transformados em referência nacional nesse tipo de comércio, conforme defendem os criadores desses empreendimentos. Seremos, a continuar a omissão coletiva, uma cidade sem lei, onde todos poderão fazer o que quiser.

Temos cobrado insistentemente das autoridades o fim da conivência com esse tipo de comércio ilegal. Nossa luta é para que se submeta esses lojistas ao rigor da lei que é aplicado, corretamente, a todas as empresas do país. Nada mais, nada menos.

Um outro ponto fundamental nessa questão, porém, diz respeito ao consumidor, ao cidadão que vai até um dos camelódromos, chega a uma banca qualquer e compra um DVD pirata, um tênis falsificado ou qualquer produto de origem duvidosa ou reconhecidamente ilegal. Mesmo que os preços possam parecer atraentes (muitos superam os praticados pelo comércio formal), o ato de comprar mercadorias ilegais contraria a lei, além de provocar e causar a perda de postos de trabalho em setores como discos e locação de filmes. Também aos freqüentadores desses locais fazemos a pergunta: o que queremos para Londrina?

É comum recebermos o apoio e elogios quando criticamos os camelódromos feitos por pessoas que são freqüentadoras desses empreendimentos. Muitos demonstram ser contra a ilegalidade, mas infelizmente não pensam duas vezes em valerem-se dela para obter alguma vantagem financeira, por mais ilusória que seja.

Esta discussão não pode ser só da Acil. Ela é muito mais ampla. Ou seja, muito mais pessoas, entidades, organizações e autoridades precisam estar nela. Mais do que isso, o cidadão tem de fazer a sua parte, tomando consciência e conscientizando outros.

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Mais uma vez a pergunta, agora de forma individualizada: afinal, o que você quer para Londrina?

Rubens Benedito Augusto é presidente da Acil.