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Vacina contra a varíola dos macacos – monkeypox
Imagem ilustrativa.| Foto: BigStock

Desde os primeiros meses de 2020, a palavra “pandemia” assombra nosso cotidiano. Agora, quando a de Covid-19 começa a ser superada, aparece para o grande público a chamada Monkeypox, também chamada de varíola dos macacos. Mas será que essa doença pode se tornar uma pandemia como foi a do coronavírus?

Antes de tudo, ressalte-se que uma enfermidade é considerada pandêmica quando atinge níveis significativos de infecções mundiais, ou seja, quando o agente agressor se dissemina em diversos países ou continentes, afetando, desta forma, um grande número de pessoas. Parte da Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar uma pandemia, que, segundo o órgão, pode começar como um surto. Alguns casos de Monkeypox registrado em um país não endêmico é um surto.

A Monkeypox foi observada pela primeira vez em 1958, quando houve dois surtos de uma doença semelhante à varíola em macacos utilizados para pesquisas. Foi somente em 1970, contudo, que ela foi relatada em seres humanos. Desde então, surtos foram registrados em alguns países africanos e em 2018 a doença foi observada em localidades da Europa.

Com sintomas muito semelhantes aos constatados em pacientes com varíola, embora seja clinicamente menos grave, a varíola dos macacos é uma zoonose viral, quando o vírus é transmitido às pessoas a partir de animais. Geralmente, a varíola dos macacos é autolimitada – controlada pelo próprio organismo –, mas pode ser grave em alguns indivíduos, como crianças, gestantes ou imunossuprimidos. O fato de ser um vírus de DNA, menos propenso a mutações e mais resistente ao ambiente, leva a algumas características biológicas, especialmente a capacidade de infectar determinadas células.

Além disso, é considerado bem menos transmissível do que o SARS-CoV-2. A transmissão da Monkeypox ocorre pelo contato com fluidos corpóreos e lesões da pele da pessoa doente, principalmente, sendo necessário o contato prolongado com o agente infectante. Ainda, pode ser transmitida por gotículas respiratórias e materiais contaminados. O período de incubação costuma ser de seis a 13 dias, com variações para o período de cinco a 21 dias.

Precisamos ter em mente que, diferentemente do vírus da Covid-19, o vírus da varíola dos macacos já é conhecido, com diversos estudos, opções de tratamento e até mesmo de vacinas, com pesquisas bastante avançadas. Temos, portanto, uma realidade totalmente diversa da que tínhamos no início da pandemia de SARS-CoV-2.

Atualmente, a Monkeypox circula de maneira endêmica em alguns países da África e há surtos já descritos em países fora do continente, sendo que nestes os números cresceram nos últimos meses. O registro de diversos casos simultâneos em localidades não endêmicas sugere que pode ter havido uma transmissão não detectada já há algum tempo – a OMS publicou alguns comunicados de alerta sobre a circulação desse vírus.

Isto posto, o que os fatos nos mostram até então é que ainda é cedo para afirmar que a Monkeypox se tornará um problema mundial. Não significa, porém, que não devemos nos cuidar. Assim, cuidados de prevenção, como, sempre que possível, evitar aglomerações, lavar as mãos constantemente e usar máscaras, são recomendados. Ademais, isolar os pacientes é imprescindível para frear o avanço e evitar que a doença se torne um problema em grande escala.

Aline Stipp é farmacêutica, doutora em Microbiologia e professora do curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Campus Londrina.

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