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Inflação em alta, PIB em queda e taxa de desemprego em crescimento. Esse tem sido o cenário econômico brasileiro nos últimos meses. Se por um lado o contexto tem sido pessimista para os investidores brasileiros, por outro esse tem sido o momento de grandes oportunidades para os estrangeiros que querem adquirir uma fatia do mercado brasileiro.

É bem verdade que o Brasil nunca saiu do radar dos investidores de fora, mas dessa vez o que vimos é que eles mudaram a estratégia para entrar no país. Anteriormente, eles até se arriscavam em adquirir e começar um novo negócio no país e partir do zero. Mas agora o forte é o movimento de aquisição de empresas, algumas com a corda no pescoço por causa de fatores como aperto de caixa, restrição de crédito, venda em queda e redução de funcionários. Um cenário bem diferente de cinco anos atrás, quando o crescimento estava em ritmo acelerado e o contexto era de expansão. Com isso, o que temos são bons ativos à venda com preço bem inferior ao de alguns anos atrás.

O apetite dos empresários de fora é tão grande que empresas brasileiras têm sido vendidas em tempo recorde

Além disso, o interesse de grandes empresas de fora pela aquisição de brasileiras se dá também por um outro motivo relevante: a desvalorização do real frente ao dólar fez com que aumentasse o poder de compra dos investidores e deixou as projeções hoje mais realistas no Brasil. Para se ter uma ideia dessa proporção, há casos em que, com o mesmo dinheiro, seria possível comprar dois ativos iguais.

Esses dois fatores deixaram o Brasil ainda mais atraente para muitos investidores, a maioria deles americanos e europeus e que, em algum momento do passado, já haviam demonstrado interesse em entrar no país. Momento ideal para uma abordagem oportuna dos estrangeiros que podem aproveitar as pechinchas numa espécie de xepa nacional de empresas. O apetite dos empresários de fora é tão grande que empresas brasileiras têm sido vendidas em tempo recorde, como no caso da Rede D’Or de hospitais, adquirida por um grupo internacional em poucas semanas. Em setores como o de consumo, o interesse também se mantém grande, apesar da queda no poder aquisitivo dos brasileiros.

Outra particularidade desse momento que o país está vivendo é que, pela primeira vez, a questão do ambiente político vem sendo citada como uma barreira para quem quer investir no Brasil. Mas, apesar disso, eles acreditam que essa questão não atrapalha quem tem apetite para o médio e longo prazo. Para isso, pesa o fato de termos instituições fortes e uma democracia consolidada.

De forma geral, o país está vivendo um momento de oportunidades e, por isso, continua atraindo investidores qualificados, que também apostam em países como China e Índia. Apesar dos prós e contras, sabemos que o Brasil é estratégico para quem pensa grande.

Augusto Sales é sócio da KPMG na área de Estratégia e especialista em fusões e aquisições.
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