A história da nossa televisão surgida do espírito pioneiro do filho mais ilustre da cidade de Palmeira, Nagibe Chede

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Mais do que uma data festiva, o dia 29 de outubro é de emoções supremas para a Rede Paranaense de Comunicações – RPC TV, e representa o reconhecimento da sociedade ao trabalho dos jovens diretores que dão continuidade ao empreendimento Sociedade Rádio Emissora Paranaense, a então TV Paranaense – Canal 12, fundada em 1960 por um visionário chamado Nagibe Chede.

Nagibe desde cedo mostrou-se um apaixonado pelo rádio. Ainda na infância, aos 9 anos de idade, pediu ao pai que lhe comprasse, em São Paulo, um aparelho receptor. Esse fato foi decisivo para o despertar da sua paixão por tudo o que se relacionasse à recepção e a difusão, tanto assim que, ao 18 anos, tornou-se rádioamador.

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Em 1955, em viagem de turismo pelos Estados Unidos, adquiriu a câmera de televisão que, mais tarde, acoplada a um transmissor de 10 W, geraria as primeiras imagens que proporcionaram aos curitibanos momentos de encantamento.

Contando com a colaboração de seu amigo Pedro Stier, proprietário das Lojas Tarobá, que acreditando nessa ideia maluca cedeu suas vitrines para a instalação da pequena câmera. As imagens fizeram com que os curitibanos pudessem assistir à primeira transmissão de imagens, aglomerando-se maravilhados na frente da loja no Edifício Garcez.

O sonho havia só começado. Em caráter experimental, a TV Rádio Emissora Paranaense transmitiu, naquela oportunidade, as primeiras imagens no vídeo pelo canal 10 e ouviu-se o som por meio do rádio.

Já com os resultados concretos apresentados, a ideia de Nagibe foi encapada pelo governador Moysés Lupion que levou o projeto ao presidente Juscelino Kubitschek, que autorizou a concessão do canal de televisão para o estado do Paraná.

As primeiras instalações eram em uma acanhada sala do Edifício Mariza, na Rua Senador Alencar Guimarães, mudando depois para outra sede própria no último andar do Edifício Tijucas, na Rua Cândido Lopes.

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Romualdo Husaluk foi seu primeiro diretor artístico, seguido de Silas de Renato Mazanek, Moraes Fernandes e Azor Silva, entre outros que com entusiasmo trabalhavam entre emaranhados de fios, cabos, refletores e válvulas todos grandes colaboradores de Nagibe, mas na época com pouca experiência herdada do rádio.

Elon Garcia foi o primeiro rosto a aparecer ao vivo, depois Tônia Maria, Alcides Vasconcelos, Jamur Junior, Enéas Faria, Flávio Menghini, Karmaia – o hipnotizador –, Fritz Bassfeld, Aírton Cordeiro, Clamente Chen, Camilo Jorge, Maurício Fruet, Sinval Martins, Pirajá Ferreira e tantos outros.

Merece registro especial a presença, naquele início, de Meire Nogueira, uma loira "importada de São Paulo" que marcou presença em nossa televisão. Meira foi apresentadora do primeiro comercial ao vivo da tradicional loja de roupas infantis Casa Mazer.

Graças à garra de todos, muito improviso e vontade de vencer, a empreitada prosperou. Em 1959, Nabige se viu obrigado a se desfazer da Rádio Curitibana que nasceu também pelas suas mãos, para aplicar mais recursos no ideal maior que era a televisão.

O espírito pioneiro de Nagibe Chede tinha de acompanhar rapidamente o desenvolvimento da televisão. Surgia o vídeotape e Nagibe mandou buscar o caríssimo equipamento nos Estados Unidos. Ao chegar a São Paulo, para lá seguiu Lourenço D’Alnegro, amigo fiel e motorista de "Chede", em uma velha Kombi com pneus carecas, para trazê-lo a Curitiba. Conseguiu a proeza de trazer o equipamento que acabou montado em 48 horas após a sua chegada, tornando-se a terceira unidade no Brasil.

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Ali permaneceu o Canal 12 até o fim da era Nagibe Chede, quando a emissora passou a ser de propriedade do grupo liderado pelo jornalista Francisco Cunha Pereira Filho e por Edmundo Lemanski do jornal Gazeta do Povo, ambos falecidos recentemente.

Assim, fica aqui um pouco da história da nossa televisão surgida do espírito pioneiro do filho mais ilustre da cidade de Palmeira, Nagibe Chede, que com alguns erros, muitos acertos, legou a nossa Curitiba essa obra magnífica.

Quero parabenizar a RPCTV, que esteve presente nos grandes acontecimentos sociais e culturais da nossa terra e do Brasil, concretizando os anseios daqueles que nos idos dos anos 60 sonharam com esta realidade. Parabéns pelos 50 anos!

Flora Maria Lins de França é escritora