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| Foto: Eric Piermont/AFP

O mercado mundial da indústria aeronáutica aguarda para os próximos dias a confirmação da formação da joint venture entre a operação comercial da Embraer com a Boeing. A medida precisa ser aprovada em assembleia geral dos acionistas, que tem forte possibilidade de ocorrer ainda em 2018.

A joint venture entre essas duas companhias da indústria aeronáutica angariou discussões intensas, principalmente no recente período eleitoral. Uma boa parcela desse debate passou distante da verdadeira realidade enfrentada pela companhia brasileira. Os movimentos desse mercado nos últimos anos determinaram o posicionamento estratégico para a companhia e apontaram para a necessidade dessa parceria, que é essencial para a sobrevivência da divisão comercial da Embraer frente a um novo concorrente.

Durante muitos anos, a Embraer pairou em céu de brigadeiro, liderando as entregas no mercado mundial de jatos regionais e se estabelecendo como referência nessa indústria. Porém, em 2017, foi anunciada a parceria entre a Airbus – gigante aeroespacial europeia – e a Bombardier, concorrente canadense da Embraer. Já naquela época, os especialistas do mercado apontavam a necessidade de a companhia brasileira se posicionar diante dessa fusão.

A joint venture entre a Embraer e a Boeing vem em momento oportuno para a companhia brasileira

Esse novo panorama representa a entrada de um gorila na jaula dos macacos. A Airbus traz com ela outra grandeza de recursos para desenvolvimento de novas aeronaves e, principalmente, para o financiamento das compras de CSeries – agora Airbus 220 – pelos seus clientes. Além disso, os compradores Airbus passam a contar com uma família unificada de jatos desde a linha regional até os ultralong range.

A parceria com a Boeing dá à divisão de aviões comerciais da Embraer igualdade de condições financeiras na disputa com a Airbus, e com isso a superioridade técnica do produto Embraer volta a fazer a diferença. O resultado disso já foi sentido nas últimas feiras de aviação, em que os negócios fechados pela Airbus no segmento se deram somente com enormes descontos sobre os preços das aeronaves.

A joint venture entre a Embraer e a Boeing vem em momento oportuno para a companhia brasileira, que passa a contar com dinheiro em caixa e recursos humanos reconhecidos mundialmente para transformar a empresa novamente, como havia sido em 1994.

Leia também: O acordo Embraer-Boeing será bom para o Brasil? (artigo de Fábio Augusto Jacob, publicado em 14 de janeiro de 2018)

Leia também: Privatizar: por que não? (artigo de Vítor Wilher, publicado em 11 de abril de 2018)

É importante lembrar que a Embraer dispõe, ainda, de expertise no mercado aeroagrícola, com potencial para novos equipamentos como o desenvolvimento de drones. O foco em novas tecnologias, inclusive com a aquisição de empresas estrangeiras, permitiria à Embraer se reinventar e avançar, ocupando lugar de destaque em um novo nicho tecnológico.

Sabendo aplicar bem os recursos oriundos dessa parceria, a companhia certamente ficará fortalecida nessa nova fase.

Shailon Ian é engenheiro aeronáutico formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e presidente da Vinci Aeronáutica.
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