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De acordo com as estatísticas do Ministério do Desenvolvimento, o Paraná registrou déficit comercial de US$ 1,677 bilhão com o resto do mundo em 2012, o que representou o terceiro resultado negativo anual da série histórica, levantada desde 1992. Os outros dois déficits aconteceram em 2000 (US$ 293 milhões) e 2011 (US$ 1,374 bilhão). A relação comercial desfavorável do estado com os demais países nos dois últimos exercícios reflete, de maneira articulada, o ritmo moderado de expansão das exportações e a impulsão das importações.

De fato, as exportações paranaenses cresceram 1,8% em 2012, contra queda de 5,3% das exportações brasileiras, puxadas pelos segmentos do agronegócio e da indústria da madeira, de móveis e de combustíveis. Com tal performance, o estado respondeu por 7,3% do total das vendas externas do país, situando-se no quarto posto no ranking nacional, atrás de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Ainda assim, conjunturalmente, os números carregam uma visível frustração, ocasionada pelo enfraquecimento da demanda externa, determinado fundamentalmente pelos efeitos da recessão na Europa, e pelas barreiras nacionais, ligadas à orientação macroeconômica e sintetizadas na elevada carga tributária, no câmbio não competitivo, na precariedade infraestrutural e na ausência de estímulos à inovação, capazes de engendrar a penetração em mercados forâneos com produtos de maior valor agregado.

Do lado das importações, a variação de 3,3% (contra declínio de 1,4% para o Brasil) pode ser imputada a três fatores: a continuidade da política de câmbio apreciado, que barateia as compras no exterior em detrimento da produção nacional; a cobrança do ICMS diferenciado na entrada de bens procedentes de outras nações, conhecida como "guerra dos portos" (encerrada em janeiro deste ano); e o acentuado ciclo de diversificação industrial vivido pelo estado.

Tanto é assim que as altas mais expressivas foram observadas nos ramos de autopeças, plásticos, materiais elétricos, pneus, motores e química, levando o Paraná a representar 8,7% do montante importado pelo país, sendo a terceira unidade federativa mais importante no contexto nacional, vindo depois de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Em síntese, o presente desnível na balança comercial do Paraná reproduz a perda de vigor da economia internacional, as anomalias da macroeconomia brasileira e o processo de renovação e diversificação da matriz produtiva do estado, instaurado a partir do começo de 2011. A reversão dos números negativos deve ocorrer no médio e longo prazo, com a maturação da vultosa carteira de investimentos estruturantes do Programa Paraná Competitivo. Em caso de recuperação mais rápida e encorpada da economia mundial e da derrubada dos obstáculos contidos na gestão econômica brasileira, particularmente a pífia preocupação com o custo Brasil, a boa colheita pode ser antecipada.

Gilmar Mendes Lourenço, economista, é diretor-presidente do Ipardes e professor da FAE.

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