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Realmente o leilão dos 700 MHz conta com um cenário cada vez mais agitado no panorama interno e externo de movimentação dos grandes players. A última novidade é um investimento de quase 1 bilhão de euros efetuado pela Portugal Telecom (PT) no Grupo Espírito Santo, cuja situação financeira é péssima. O que o mercado de operadoras móveis do Brasil tem a ver com isso?

A Oi tem como acionista majoritária a Portugal Telecom, que corre o risco iminente de ter seu patrimônio substancialmente reduzido, caso ocorra o calote do Grupo Espírito Santo, cuja obrigação está prestes a vencer. Como a PT comprou a participação na Oi com ações, uma eventual diminuição de seu patrimônio afetará as riquezas da Oi e sua capacidade de obter financiamentos para investimentos.

Nesse cenário, terá a Oi condições de participar do leilão dos 700 MHz podendo disputar com as demais? Até que ponto a credibilidade da PT não será maculada pela operação financeira, ora investigada pela Comissão de Valores Mobiliários de Portugal?

Outro ponto que pode afetar diretamente o leilão dos 700 MHz é o custo ainda não determinado da limpeza do espectro, hoje utilizado pelas emissoras de televisão em modo analógico. Esse investimento terá de ser bancado pelos vencedores do leilão e os valores serão expressivos.

O leilão dos 700 MHz, diferentemente de outros, permitirá uma fonte de renda sólida às operadoras vencedoras do leilão, a ponto de poder definir quem fica e quem sai do mercado nos próximos anos.

A experiência ora vivida pela Anatel com um problema externo, fora da gestão das autoridades brasileiras, expõe uma enorme fragilidade das operadoras de telefonia móvel em geral, já que todas, sem exceção, têm como sócios majoritários conglomerados financeiros estrangeiros.

O que dizer da espanhola Telefónica, que se equilibra sobre uma dívida de 52 bilhões de euros? Há auditoria sobre o lastro de suas contas na Europa para prevenir problemas como o da PT? Até que ponto o modelo de privatização brasileiro da telefonia móvel é capaz de assegurar a saúde financeira das operadoras que prestam um serviço de relevante valor estratégico e social à sociedade brasileira?

Preparados ou não, o fato é que na economia globalizada as autoridades em geral precisam de mais gestão e eficiência quanto aos ativos das empresas em questão que atuam globalmente.

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