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Mauricio Macri, presidente da Argentina e candidato à reeleição (dir.), e candidato à presidência Alberto Fernández no primeiro debate presidencial em Santa Fé, 13 de outubro de 2019
Mauricio Macri, presidente da Argentina e candidato à reeleição (dir.), e candidato à presidência Alberto Fernández no primeiro debate presidencial em Santa Fé, 13 de outubro de 2019.| Foto: RONALDO SCHEMIDT / AFP

A incerteza política, econômica e social assola a Argentina. O país vizinho está mergulhado em crises. O anseio popular está grande com relação às eleições presidenciais, com o pleito sendo disputado pelo presidente liberal Mauricio Macri contra Alberto Fernández, apoiado por peronistas de centro e de esquerda e que tem em sua chapa Cristina Kirchner como vice.

Esse é o momento do "nem e nem". No curto prazo, nenhuma das opções é boa. Se Macri ganhar, vai ter de levar adiante um plano de austeridade, já que tem uma linha mais conservadora. Mas o cenário desenhado é de uma piora considerável para quem sabe, em seguida, vislumbrar uma possível melhora.

O país está mergulhado em uma crise em que não há mecanismos disponíveis para ganhos fáceis e rápidos

Se os peronistas saírem vitoriosos com Fernández e Kirchner, a situação esperada é ainda mais grave, pois existe um anseio de que sigam uma alternativa mais populista e extremista, com ânsia de aliviar as situações rapidamente; com isso, os problemas não serão solucionados, principalmente quando falamos dos credores. A hiperinflação e a falta de reserva de dólares poderão ser ainda piores.

O Brasil está em compasso de espera para saber o que acontecerá com o mercado que, até então, era um dos seus principais parceiros comerciais, importando produtos com alto valor agregado. Cerca de 70% das exportações brasileiras de automóveis vão para a Argentina. Mas é sabido que a Argentina enfrentará uma crise ainda mais grave antes de qualquer sinal de melhora.

É nítido o estrangulamento pelo qual nossos vizinhos argentinos estão passando. As ferramentas para uma recuperação econômica foram esgotadas e o cenário é muito mais complicado do que se imagina. Com Cristina Kirchner no poder, a situação pode se agravar ainda mais. Se a chapa apoiada pelos peronistas vencer, o país amargará uma sofrível paralisação dos investimentos externos, caminhando para uma economia venezuelana.

Apoiado pelo governo Bolsonaro, no médio e no longo prazo, Macri é a melhor opção para o Brasil. Mas no imediatismo, ambos os cenários são ruins como parceiros de negócios, com dificuldades e instabilidade nos recebimentos, além da insegurança jurídica. A expectativa é de que a Argentina passará por um longo inverno até encontrar o caminho certo. O país está mergulhado em uma crise em que não há mecanismos disponíveis para ganhos fáceis e rápidos.

Arthur Igreja é especialista em Macroeconomia, mestre em International Business pela Georgetown University (EUA) e em Business Administration pela Esade (Espanha), e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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