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Mais uma vez, os cedros do Líbano se misturam a névoas de pó, fumaça e escombros. Não são somente os cedros que estão em chamas: são as residências, as pessoas, as famílias, os projetos de vida, as etnias, as nações e os Estados regionais, a ONU, os jornalistas e outros bem-intencionados.

Para as vítimas e para o mundo que assiste atônito às imagens, não importa que o Estado de Israel seja acusado da prática de um Nazionismo (Nazismo + Sionismo) ou que o Hezbolah seja acusado da tentativa de justificar sua inveja e violência sistemática contra Israel, em nome de Deus. No fim do dia, o Líbano não poderá se tornar uma nova Dresden, sobrando apenas aos artistas e poetas a contemplação das cinzas e das ruínas. Nem seus habitantes nem o mundo merecem esta selvageria primitiva perpetrada por qualquer um dos lados.

As imagens de mais esta guerra estúpida não podem ter a pretensão de serem mais chocantes daquelas, quase diárias, de dor do povo de Israel que jamais teve sossego desde 1948. Os escombros em Israel, Líbano e Palestina também representam mágoas históricas, ódio, arrogância, ignorância, pobreza, preconceito, proselitismo, submissão, vingança, preguiça, fraqueza e tantos outros vícios que deveriam ter sido superados, nos dias de hoje. São o resultado da teimosia de ambos os lados que levam ao pé da letra o propósito de "estar em controle, sempre; ser refém, às vezes; ser vítima, nunca".

As invasões do Iraque e do Líbano podem ser mais uma prova de que há três Estados, quase sempre aliados, que fazem o que querem, na hora que querem, onde querem, contra quem querem e que ninguém mais no mundo possa questionar a intimidação. Por sua vez, os líderes de Estados árabes, alguns acostumados a regimes prolongados e, não raro, avessos à democracia, outros encantados com o dinheiro e a bajulação ocidental, parecem estar ouvindo harpas em seus palácios utilizando a ocasião para ampliar a sobrevivência política pessoal, enquanto seus irmãos choram a amargura da vingança e da loucura, nas ruas, nos quarteirões e nas colinas. Tira-se o dinheiro do meio desta parafernália que pelo menos a metade das justificativas, do poder e da intimidação entre pessoas, Nações e Estados da região desaparecerá de imediato.

Estas tragédias parecem ser o último triunfo dos grandes genocidas da humanidade do século XX, na medida em que nos deixaram acuados em matéria de racismo.

Assim como Israel foi traído por tantas promessas por seus vizinhos, vai ficando também na mente das pessoas a idéia de que houve uma traição ao Líbano na medida em que a retirada das tropas sírias permitiu a sua destruição sistemática na seqüência.

E onde está o século da espiritualidade que deveria ser o século XXI? Com a teimosia da guerra e das armas, poderíamos jogar no lixo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, os tratados internacionais e os documentos fundamentais de qualquer religião. Se nenhuma religião prega a violência e a discriminação, por que alguns o fazem em nome de Deus?

Por fim, um alerta: que as tragédias em Israel, no Líbano e na Palestina não sejam utilizadas como um consolo cômodo para governantes demagogos no Brasil: aqui morre uma média de mil pessoas por semana, vítimas da violência de qualquer espécie. Onde está o calor humano brasileiro? Longe do fogo do Oriente Médio e muito próximo de nossa própria guerra civil, mas esta não declarada e sem propósitos...

Shalom Israel e Assalam Líbano, de verdade!

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