• Carregando...
Apesar dos números negativos do PIB, Ministério da Economia destacou “qualidade do crescimento”.
Apesar dos números negativos do PIB, Ministério da Economia destacou “qualidade do crescimento”.| Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O IBGE divulgou que o houve uma queda 0,1% do PIB brasileiro no terceiro trimestre em relação ao segundo. Apesar de ser o segundo trimestre consecutivo de queda, ainda é cedo para dizer que estamos em recessão, mas o panorama do futuro próximo não é nada animador.

Os defensores do governo dirão que a queda do PIB se deveu à queda de 0,8% da agricultura e pecuária por conta do clima, pois secas e geadas causaram quebras de safra, mas o Brasil ainda está em recuperação em “V”. Entretanto, esse “V” está virando uma “raiz quadrada”. Olhando o desempenho do investimento (-0,1%) e da indústria (zero) é que vemos que voltamos à situação de crescimento medíocre, uma doença crônica antiga nossa que estava escondida pela pandemia.
Em 2019, após a aprovação da reforma da Previdência, parecia que o Brasil poderia acelerar o seu crescimento. Mas, antes da pandemia, em novembro daquele ano, Bolsonaro engavetou o projeto de reforma administrativa, sem mandá-lo para a Câmara; o Ministério da Economia não colaborava com a discussão da reforma tributária no Congresso e vivia lançando “balões” de uma nova CPMF, que “não era CPMF”. Perdemos uma excelente chance de avançarmos nessas reformas tão necessárias e tão negligenciadas.

Com a pandemia, o governo ampliou o espaço de uma espécie de “guerra cultural”, o que ofuscou a resolução de problemas. Até mesmo remédios entraram numa discussão que se tornou ideológica e não somente técnica, como deveria ser!

Com o teto de gastos virando peneira, em nome do social (eleitoral), só resta ao Banco Central subir a taxa de juros ainda mais para segurar a inflação.

Vendo o seu dinheiro aplicado em um país com conflitos nas suas diversas instâncias de poder, compreensivamente, os investidores começaram a fugir do país. O dólar disparou e não caiu mais, ao contrário dos outros emergentes. Nem com a alta dos preços das commodities que exportamos o real se valorizou, impactando fortemente na inflação e, com um certo delay, na Selic.

Com o teto de gastos virando peneira, em nome do social (eleitoral), só resta ao Banco Central subir a taxa de juros ainda mais para segurar a inflação. A economia poderá entrar em recessão e, mesmo com o Auxílio Brasil, os eleitores podem se perguntar qual seria o sentido de uma reeleição.

Josilmar Cordenonssi Cia é graduado em Economia, mestre e doutor em Administração de Empresas e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]