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O povo na rua de novo: para quê?
| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Manifestações populares já derrubaram regimes e presidentes, e mudaram o curso da história. Exigiram tomadas de posições dos governantes e repudiaram ditaduras e atos terroristas. No Brasil contemporâneo, o povo foi às ruas por seus ídolos, como na morte do ex-presidente Juscelino Kubistchek, na perda de Ayrton Senna, pelas Diretas Já e, mais recentemente, para mostrar a profunda insatisfação do país com a era petista.

O povo vai às ruas motivado por sentimentos coletivos, de apoio ou de repúdio. Trata-se, sempre, de uma atitude geral que une milhares e milhares e se personifica no ato de protestar em conjunto. Fenômeno, portanto, de vivência democrática e, se for o caso, de luta pela própria democracia. Por ser a expressão máxima da coletividade, é um precedente de extrema importância, com suas consequências e imprevisibilidades.

O país inteiro anseia pelas reformas inadiáveis que vão dar os primeiros passos na retomada de um novo ciclo de desenvolvimento

Por tudo isso, creio que as manifestações populares marcadas para o próximo dia 26 em várias cidades brasileiras carecem de uma reflexão mais aprofundada: estamos com quatro meses de um governo escolhido pela grande maioria dos brasileiros como um vértice de esperança no caos implantado por decisões desastrosas do governo Dilma Rousseff e dos escândalos revelados pela Operação Lava Jato. Passadas as divergências naturais da campanha eleitoral e seus embates ideológicos, o país inteiro anseia pelas reformas inadiáveis que vão dar os primeiros passos na retomada de um novo ciclo de desenvolvimento. São o elemento vital para começar a reduzir a imensa fila de mais de 13 milhões de desempregados, transformados em consumidores que darão alento à economia.

Não há tempo a perder, portanto. O governo de Jair Bolsonaro deve se preocupar, no momento, em fazer a lição de casa, com uma agenda de encontros e discussões sobre os temas que realmente são imprescindíveis ao país. E, como foi eleito democraticamente e montou a equipe de governo que julgou mais preparada para governar, tem o apoio popular para realizar uma gestão eficiente e competente. Ou seja, o povo brasileiro não precisa ir às ruas para ratificar o voto – este, sim, soberano na tradução dos seus próprios anseios.

Leia também: O desabafo de Bolsonaro (editorial de 19 de maio de 2018)

Leia também: As manifestações contra o governo Bolsonaro (artigo de Rodrigo Augusto Prando, publicado em 16 de maio de 2019)

Para um ou outro equívoco na montagem do governo há paciência de sobra, como vem sendo demonstrado. Se a nova equipe – que conta com gente da qualidade do ministro da Economia, Paulo Guedes, e da Justiça, Sergio Moro – der a resposta primordial na aprovação das reformas no Congresso, o descontentamento vai desaparecer em velocidade espontânea.

Insistir em levar o povo para as ruas demanda tempo, preocupação e afastamento do foco principal, de que um governo não pode prescindir. E corre-se um risco demasiado para um governo que acabou de chegar: o pesadelo de ver as ruas quase vazias.

Os brasileiros de boa vontade esperam que a sensatez se manifeste nos próximos dias em Brasília. O povo brasileiro continua fazendo sua parte, indo às ruas apenas para cumprir a sua responsabilidade, que é a jornada diária de trabalho!

Marcos Domakoski é presidente do Movimento Pró-Paraná.

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