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Os 80 anos da Segunda Guerra e o papel de um grande britânico
| Foto: Wikimedia Commons

Foi dito que um aniversário é uma época para "celebrar as alegrias de hoje, as lembranças de ontem e as esperanças de amanhã". Países tão antigos quanto o Reino Unido têm muitos e variados aniversários para celebrar os importantes eventos sociais, políticos e militares de nossa longa história. Para citar alguns, apenas este ano celebraremos e reconheceremos o 350.º aniversário da construção da majestosa Catedral de St. Paul, projetada por sir Christopher Wren; 250 anos desde que as regras do golfe foram escritas pela primeira vez na Escócia; e 100 anos desde a eleição de uma das primeiras mulheres eleitas parlamentares do mundo, em Westminster, em 1919.

2019 também marca o 80.º aniversário do início da Segunda Guerra Mundial, que durou de 1.º de setembro de 1939 a 2 de setembro de 1945. A guerra é um enorme evento na história de nossa nação insular e, além disso, é considerado um dos eventos definitivos do século 20 e um turning point na história do mundo. Também é algo profundamente pessoal para muitas pessoas. Meu próprio avô se ofereceu como voluntario e lutou na Royal Air Force.

Que grandes eventos tenham grandes efeitos parece um truísmo e, assim, a Segunda Guerra Mundial, um conflito que causou uma perda colossal de vidas, resultou num continente dividido entre as superpotências no início da longa Guerra Fria, e terminou com grande parte da Europa e da Ásia em ruínas.

Porém, das cinzas surgiu uma nova ordem internacional liberal. No 1.º de janeiro de 1942, o presidente americano Franklin Roosevelt, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill, o embaixador soviético Maxim Litvinov e o embaixador chinês T.V. Soong assinaram um breve documento, baseado na Carta do Atlântico Anglo-Americana de 1941, mais tarde conhecido como a Declaração das Nações Unidas. No dia seguinte, os representantes de mais 22 nações acrescentaram suas assinaturas. Em julho de 1944, representantes de 45 nações aliadas se reuniram no Mount Washington Hotel, em Bretton Woods, New Hampshire, para desenhar o sistema monetário global do pós-guerra. Aquilo foi só o começo.

A vida de Churchill foi indubitavelmente fenomenal

Dentro de cinco anos, em uma extraordinária explosão de energia, imaginação e cooperação multilateral, os estadistas dotaram o mundo de quase toda a sua rede existente de instituições globais, incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial, o Tribunal Internacional de Justiça e o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt). Essas instituições criaram a arquitetura política e financeira de nosso mundo moderno, à medida que os líderes procuravam construir uma nova ordem global baseada na cooperação global, direitos universais e redução de restrições comerciais.

Parafraseando Issac Newton, se enxergarmos mais adiante, foi por estar sobre ombros de gigantes. Assim, ao lembrarmos o 80.º aniversário da guerra suprema do mundo, lembremos também o papel de sir Winston Leonard Spencer Churchill, um dos ícones do século 20.

A liderança do grande homem durante a Segunda Guerra Mundial, seus discursos emocionantes e instinto para necessidades estratégicas são todos bem conhecidos. O futuro que agora “enxergamos” deve muito a suas ações durante a guerra. Mesmo aqui em Curitiba, a 10 mil quilômetros da Grã-Bretanha, há uma Avenida Winston Churchill no bairro Pinheirinho, nomeada em sua homenagem.

Winston Churchill tornou-se primeiro-ministro em 10 de maio de 1940, durante alguns dos dias mais sombrios da guerra. Porém, sua determinação de buscar "Vitória – vitória a todo custo, vitória apesar de todo terror, vitória por mais longo e difícil que seja o caminho" provou não apenas inspiradora, mas decisiva.

Churchill merece muito crédito por essa perseverança, unindo uma nação e ajudando a desempenhar um papel importante e crucial na definição do curso do conflito. Discutivelmente, sua arma mais forte era a palavra. John F. Kennedy disse uma vez que Churchill havia enviado o idioma inglês para a guerra. É claro que nossos grandes aliados na guerra, os Estados Unidos e a União Soviética, também tiveram papéis enormes e fundamentais, auxiliados por muitas outras nações, mas o fato de Churchill ter se mantido firme em 1940 desempenhou um papel essencial no sucesso conjunto dos Aliados.

Como afirmou o atual primeiro-ministro do Reino Unido e biógrafo de Winston Churchill, Boris Johnson, “em vários momentos ele foi o castor que represou o fluxo de eventos; e nunca ele afetou o curso da história de maneira mais profunda do que em 1940. Ele teve a vasta e quase imprudente coragem moral de ver que lutar seria terrível, mas rendição seria ainda pior”. Ele, portanto, preparou o terreno para um novo momento multilateral do pós-guerra na história do mundo.

A vida de Churchill foi indubitavelmente fenomenal. Um membro do Parlamento ao longo de 64 anos, tornou-se ministro aos 34 anos, ainda primeiro-ministro aos 80 anos de idade, servindo seis monarcas, de Victoria a Elizabeth II, e ganhou o Prêmio Nobel de Literatura. Em 2002, ele foi nomeado “the Greatest Briton” em uma pesquisa nacional pela BBC em que mais de 1 milhão de pessoas votaram. Eu argumentaria que ele se encaixa na categoria de "grandes indivíduos do mundo" do filósofo alemão Hegel, indivíduos que encarnavam algo maior que a grandeza individual: ajudar a definir suas eras e impulsionar o progresso global.

Ao comemorar o 80.º aniversário do início da guerra, lembremo-nos das palavras de Maya Angelou, que disse que “a história, apesar de sua dor lancinante, não pode ser abandonada, mas se for enfrentada com coragem, não precisa ser vivida novamente”.

Adam Patterson, formado em Política e pós-graduado em Economia, Investimentos e Finanças, é cônsul honorário do Reino Unido no Paraná.

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