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Nossas tarifas de pedágio, ainda mais com o novo reajuste, são muito altas se compararmos com os valores cobrados em outras regiões do Brasil

Há alguns dias recebemos a triste notícia sobre mais um reajuste nas tarifas do sistema paranaense de pedágio, antigo Anel de Integração. Desde ontem, os valores foram reajustados em 4,53%, em média.

Desta vez, diferentemente do que vinha acontecendo nos últimos oito anos, o governo do Paraná autorizou o aumento de preços e as concessionárias não precisaram recorrer à Justiça para garantir a elevação anual de tarifas, prevista em contrato. Este clima amigável entre ambas as partes faz parte da negociação dos dois lados para mudanças nos contratos, numa tentativa de avaliar se é possível reduzir tarifas e incluir obras.

Já havia alertado à população sobre esta negociação desde quando ela foi anunciada, em meados de julho. Foi preciso destacar que as discussões entre governo e concessionárias para uma possível redução do pedágio e aplicação dos investimentos que constam nos contratos, além de outros, poderiam vir juntamente com uma prorrogação dos atuais contratos com as empresas que administram nossas estradas.

De lá para cá três alterações nos contratos de pedágio foram anunciadas: a inclusão da duplicação de 14,4 quilômetros na BR-277, entre as cidades de Medianeira e Matelândia, no Oeste do estado; o contorno na cidade de Mandaguari, no Noroeste; a antecipação do contorno de Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba. Além disso, o governo estadual negocia com as concessionárias a possibilidade de incluir ainda a duplicação de toda a BR-277, que corta o estado, de Paranaguá a Foz do Iguaçu.

Ora, com os preços absurdos cobrados pelas concessionárias desde que se instalaram no Paraná, essas obras já não deveriam ter sido realizadas? Por isso não concordo com o aumento dos prazos de validade dos contratos, mesmo que sejam feitas essas e outras obras. Em primeiro lugar porque nossas tarifas de pedágio, ainda mais com o novo reajuste, são muito altas se compararmos com os valores cobrados em outras regiões do Brasil.

Depois, é melhor cobrar e dar andamento às obras, já que a maioria ainda não foi realizada, e não cometer o mesmo erro na próxima licitação de pedágio no Paraná. Lembro: esses contratos vigoram até 2022. Se for proposto o acordo de reduzir a tarifa, mas aumentar prazo das obras, podem contar aí, no mínimo, mais uns oito anos sem uma infraestrutura adequada nas nossas estradas.

Com esse último reajuste autorizado, a tarifa para um carro de passeio na praça de São José dos Pinhais, entre Curitiba e o Litoral paranaense, passará dos atuais R$ 13,30 para R$ 13,90. Já para um caminhão de dois eixos passará de R$ 22,40 para R$ 23,40. A mudança no valor parece pouca, mas não é.

Para os transportadores que cortam todo o estado e passam por diversas praças de pedágio ao longo do dia, por exemplo, este reajuste com certeza impactará consideravelmente no preço do frete. Também irá causar impacto no bolso de quem pretende viajar de carro nas férias.

O reajuste só é bom para quem lucra com ele porque para quem utiliza diariamente as estradas e trafega com pistas únicas por longos trechos, por exemplo, não há nenhum benefício nesta ação.

Gilberto Antonio Cantú é presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar).

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