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Um senhor oferece um banquete. Todos podem tomar parte porque é de graça. Basta não se considerar grande, basta não apresentar-se com jactância ou com convicção de merecer o convite de entrada, basta ter a disposição de passar pela porta estreita. Todos, evidentemente, procuram entrar. Alguns passam outros não conseguem.

A certo ponto, a porta se fecha. O senhor com certeza é Deus, que,   como prometeu pela boca do profeta Isaias, prepara o banquete do Reino. Em seguida, a cena se desdobra: fora encontra-se um grupo de pessoas que pretende entrar de qualquer jeito e que expõe os próprios motivos. Dizem: "Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste em nossas praças". O senhor, porém,  não abre e os manda embora, chamando-os de malfeitores. Quem são estes?

Tentemos identificá-los: conheceram muito bem Jesus, ouviram suas palavras, comeram junto com Ele. Não são, portanto, pagãos, são membros da comunidade cristã. São os que têm o nome gravado nos registros paróquias, tomaram conhecimento do Evangelho, participaram do banquete eucarístico. São aquelas pessoas que julgam estar com todos os papeis em ordem para poder entrar na festa. Nada feito! Não têm o único requisito necessário indispensável: não se fizeram pequenos e nunca passarão pela porta estreita.

Verifiquemos, agora, quem está dentro. Sentados à mesa estão os patriarcas: Abraão, Isaac, Jacó; estão também todos os profetas e ainda uma multidão incontável, vinda do Oriente e do Ocidente do Norte e do Sul. Não se afirma que toda essa gente tenha conhecido Jesus, que tenha estado com Jesus. O que está fora de dúvida é que, se conseguiram entrar, é porque passaram pela porta estreita, ao passo que os que julgavam ter direito aos primeiros lugares, são deixados do lado de fora.

Jesus usou palavras duras, é verdade. Não fez assim, com certeza, para dizer que muita gente irá para o inferno, mas sim para alertar aqueles que, por pertencerem à comunidade cristã, se julgam santos, melhores, puros, justos. Usou expressões assustadoras, sim, porque o risco de cair nesta trágica ilusão é muito grave e concreto.

Não obstante, mesmo diante de palavras tão candentes, ainda há cristãos, que não se curvam, que não se deixam nem tocar de leve pela dúvida de que um dia Jesus lhes possa dizer: "Não vos conheço". Qual é a nossa religião: a da vida ou das palavras dos rituais do culto? O Evangelho põe em contradição estas duas formas de praticar a religião e nos convida a analisar, com muita seriedade, qual é a nossa.

Poderia acontecer, com efeito, que, embora convencidos de sermos ótimos cristãos, possamos vir a ser rejeitados pelo Mestre. A educação para esta "religião da vida" é muito dolorosa, sobretudo para aqueles cristãos que se aferraram à religião no seu aspecto de exterioridade, de formalidade. Para educar-nos, Deus, às vezes usa métodos um pouco duros, que fazem sofrer. Utiliza, por exemplo, certas críticas e denúncias violentas contra os fiéis, outras vezes se serve de alguma perseguição "purificadora".

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