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É natural que a cada reajuste nas tarifas de serviços públicos, como as de energia elétrica, de água ou de telefonia, a opinião pública manifeste insatisfação. E a imprensa, como é de seu indiscutível papel, vocaliza e amplia o sentimento popular. Não há como não nos lembrar das grandes manifestações de junho, cuja grandeza foi retratada e estimulada pelos veículos formais de comunicação, quer no noticiário como nos editoriais, colunas de opinião e charges humorísticas.

Por isso, não chegaram a nos surpreender publicações neste jornal de uma charge do genial cartunista Paixão e de uma crônica do jornalista Célio Martins, ambas de crítica ao aumento de 5,72% das tarifas de pedágio que passa a vigorar a partir deste domingo nas rodovias do Anel de Integração. Os que nos surpreendeu foi, no primeiro caso, o tom ofensivo da charge e, no segundo, a desinformação e a superficialidade tendenciosa do cronista ao tratar do assunto.

De fato, quando a charge de Paixão retrata um atendente de praça de pedágio como um assaltante à mão armada, não apenas critica o reajuste – o que está no seu pleno e reconhecido direito –, mas ofende os trabalhadores das concessionárias que ganham honestamente o pão de cada dia prestando um serviço público legal e necessário nas praças de pedágio. A ABCR/PR, como entidade representante das concessionárias, presta integral solidariedade aos seus trabalhadores.

A ABCR/PR lamenta também profundamente os termos da crônica de Célio Martins. De novo reiteramos nosso respeito ao profissional e ao seu direito constitucional de expressar sua opinião, mas não podemos deixar de declarar nossa indignação com o desfile de informações tendenciosas constantes de seu artigo. Segundo o articulista, as estradas pedagiadas do Paraná estão entre as piores e mais caras do planeta – diz ele com base apenas em sua experiência de viagens turísticas por alguns países.

Em primeiro lugar, pareceu-nos absolutamente claro desconhecimento técnico do articulista para tecer considerações do gênero, mesmo porque em nenhum momento fez qualquer alusão aos valores de pedágio que pagou nas estradas do exterior pelas quais rodou, quer em dólar ou euro, moedas que, se citadas, deveria converter para reais. Logo, faltou em seu artigo a informação básica que permitiria comparações mínima e tecnicamente aceitáveis, de modo a não induzir os leitores a conclusões tão equivocadas e disparatadas quanto as que expendeu na crônica.

Ao qualificar as rodovias do Anel de Integração como "as piores do planeta", mostra desconhecer que há anos elas são consideradas entre as melhores do Brasil, conforme pesquisa do maior e mais interessado setor representativo dos usuários das nossas estradas, a Confederação Nacional do Transporte (CNT). Ademais, ao reclamar do que supõe ser um dos defeitos das rodovias pedagiadas do Paraná, um suposto "excesso de curvas", mostra desconhecer que seus traçados já estavam estabelecidos e prontos décadas antes do momento da concessão – frutos, portanto, de técnicas de engenharia rodoviária e de equipamentos disponíveis à época em que foram construídas. E deixa de informar que mais de R$ 3 bilhões foram investidos pelas concessionárias nos últimos 15 anos exatamente para modernizá-las.

A desinformação e a tendenciosidade não são a melhor e mais aceitável maneira de fazer humor ou de informar a opinião pública.

João Chiminazzo Neto é diretor regional da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR).

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