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Por um ser humano além da educação profissional

(Foto: Ronald Felton/Unsplash )

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A educação é um pilar fundamental para o desenvolvimento individual e social, independentemente do contexto ou região em que a pessoa está inserida. Desde a infância, na educação básica, a criança vive um processo de descoberta do mundo e de aprendizado sobre como interagir com os outros e com todo o ecossistema ao seu redor. Esse percurso se estende até a educação superior, quando o jovem, já em transição para a vida adulta e com seus compromissos, se prepara para construir sua carreira profissional.

Nesse contexto, a preparação do estudante universitário para o mercado de trabalho é essencial, pois a faculdade funciona como um grande laboratório onde ele poderá se capacitar para enfrentar os desafios de um ambiente cada vez mais competitivo e exigente. No entanto, o mercado atual não demanda apenas habilidades técnicas específicas de cada área de formação. Vemos que muitas atividades que antes exigiam elevada aptidão técnica estão sendo supridas pela tecnologia e pela inteligência artificial. Agora, espera-se que os jovens, independentemente de sua área de estudo, desenvolvam habilidades sociais e humanas, até mesmo para lidarem com esses recursos tecnológicos de forma mais assertiva, o que impõe às instituições de Ensino Superior um papel ainda mais relevante na formação desses profissionais.

O que poderia representar o declínio de algumas atividades profissionais e um cenário preocupante pode, na verdade, se converter em uma grande oportunidade para destacar a criatividade humana na solução de problemas

Entre essas habilidades, destacam-se a compreensão das diferenças entre as pessoas, o que é essencial para a inovação; a habilidade de trabalhar de forma eficaz em equipe; a capacidade de solucionar conflitos de forma harmônica (cada vez mais presentes no ambiente de trabalho); a facilidade de se comunicar e de agir com empatia e, ainda, desenvolver a criatividade para enfrentar os desafios do presente e do futuro.

Aí está inserido o avanço da tecnologia, que trouxe inúmeros benefícios, especialmente aqueles decorrentes da inteligência artificial ‒ algo que já está integrado à rotina pessoal e profissional da maioria dos seres humanos ao redor do mundo. Esse cenário levanta discussões sobre quais profissões serão afetadas e quais poderão até ser extintas.

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A rápida evolução tecnológica também gerou desafios sociais, incluindo o isolamento. Muitas pessoas passaram a preferir interações digitais em detrimento das relações sociais reais, reduzindo o contato humano presencial.

Por essas razões, o papel da educação superior está mudando significativamente. O estudo das bases teóricas que fundamentam as profissões ainda é, e continuará sendo, essencial. As instituições de ensino precisam incorporar a tecnologia na rotina acadêmica, promovendo o letramento digital e acelerando a aprendizagem técnica. Mais importante ainda, elas devem criar oportunidades para que os alunos desenvolvam suas competências comportamentais, permitindo um foco maior no fortalecimento das habilidades sociais e humanas.

Todo esse movimento nas demandas do mercado de trabalho é consequência dessa transformação acelerada que a sociedade está vivenciando. Em outros períodos de evolução, grandes mudanças costumavam levar duas ou três décadas para se consolidar. Hoje, no entanto, esse ritmo se intensificou. Parte desse avanço é atribuído à pandemia de covid que iniciou no ano de 2020 e que, segundo muitos pesquisadores, impulsionou o mundo tecnologicamente em direção ao que só seria amplamente acessível na próxima década. Ou seja, estamos pelo menos cinco anos à frente do nosso tempo.

Dessa forma, a educação superior pode se tornar um agente transformador da sociedade, ajudando a enfrentar os desafios sociais causados pela tecnologia. O que poderia representar o declínio de algumas atividades profissionais e um cenário preocupante pode, na verdade, se converter em uma grande oportunidade para destacar a criatividade humana na solução de problemas. Assim, inicia-se uma nova era ‒ a Era do Ser Humano ‒ em que a capacidade de conviver em comunidade e transformar o futuro será um diferencial essencial para a construção de um mundo mais humano e harmonioso.

Everton Drohomeretski é pró-reitor de Ensino, Pesquisa e Extensão da FAE Centro Universitário.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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