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 | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

O agronegócio, que tem como fundamento a relação de toda a cadeia produtiva da agropecuária, naturalmente sofrerá com os prejuízos advindos da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. Principalmente a pecuária nacional já está contabilizando esses prejuízos, sobretudo pela quebra da credibilidade do setor de carnes, após a divulgação das supostas fraudes envolvendo alguns frigoríficos, descumprindo de má-fé as normas sanitárias do setor. De todos os elos da cadeia do agronegócio, certamente a defesa agropecuária, que envolve a necessidade do cumprimento de normas nacionais e internacionais de sanidade e fitossanidade, é a mais sensível e a mais impactante para o comércio de nossos produtos agropecuários.

Por isso, também, a conquista de novos mercados para a carne brasileira levou tanto tempo e dispendeu tantos recursos. E, para mantê-los, temos de estar sempre comprovando aos nossos exigentes clientes que o nosso rebanho é sadio, que a nossa produção respeita a legislação ambiental, trabalhista e de boas práticas de manejo animal, e que os nossos produtos cumprem todas as regras sanitárias de produção e processamento.

Mesmo com todos os alertas feitos pelos auditores fiscais federais agropecuários, nada foi feito

Mas nesta área, infelizmente, convivemos com a dicotomia entre o moderno sistema de produção e o arcaico sistema de comando de uma das instituições mais importante do setor, que é o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A indicação de superintendentes federais de Agricultura nos estados atendendo apenas ao interesse pessoal de certos políticos, sem levar em conta o currículo dos indicados e seu histórico – que deve ser ilibado e ligado à sustentabilidade da agropecuária nacional – é uma prática condenável porque quase sempre traz o conflito do interesse individual do político com o interesse da nação, por uma defesa agropecuária técnica e isenta de intervenções mal-intencionadas.

Entendemos que este fato, que perdura na Superintendência Federal do Paraná (SFA-PR) há décadas, foi o principal motivador de todo este escândalo que degradou a imagem da pecuária de todo o país, com prejuízos ainda incalculáveis. Sabemos também que, mesmo com todos os alertas aos ministros e instituições do setor agropecuário do Paraná sobre a imperdoável e delicada situação da SFA-PR, feitos pelos próprios auditores fiscais federais agropecuários, nada foi feito.

E agora, infelizmente tarde, mas ainda em tempo, visando reverter este vício danoso de décadas, como membros desta cadeia do agronegócio, exigimos que se cumpram as próximas indicações de superintendentes e chefias da SFA-PR seguindo-se o critério meritocrático, como os próprios auditores fiscais agropecuários têm exigido em suas reivindicações.

Somente com esta mudança de mentalidade de atender a coletividade e não a individualidade de alguns é que teremos dias melhores para a agropecuária paranaense e brasileira.

Ricardo Palma é engenheiro agrônomo e presidente da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná.
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