Igrejas terão que cumprir série de regras durante decreto de combate ao coronavírus no Paraná.| Foto: Ricardo Marajó/SMCS
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A fé acompanha o ser humano desde que o homem é homem. É necessária e fundamental para sustentar as atividades corriqueiras e cotidianas porque transcende as pessoas a um plano espiritual, seja ele qual for. E estamos percebendo essa realidade agora, nesses tempos de pandemia do coronavírus, em que as incompetências e disputas políticas retardam seu fim. Afinal, com algumas atividades restritas e outras proibidas, nossos fiéis sentem a necessidade de ir ao templo religioso para rezar, têm saudade das missas presenciais, dos abraços entre irmãos e dos encontros de oração. Não é fácil, mas é preciso ter fé para superar este momento, que nos pede um alento, o qual muitas vezes só Deus pode nos dar.

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Dias atrás, o governador de São Paulo, João Doria, decretou as atividades religiosas como sendo essenciais. Isso significa que, em eventual lockdown, os templos poderão ficar abertos e desenvolver suas atividades, com restrições e cuidados redobrados, obviamente. O mandatário foi criticado, de um lado, pelo grupo de médicos que se reúne frequentemente para avaliar a situação da Covid-19 e recomendar a abertura ou fechamento de tudo; de outro, por setores da sociedade civil que não foram considerados essenciais e reclamam o direito de permanecerem abertos, tais como shoppings, bares e restaurantes.

O Paraná, entretanto, voltou a sofrer com os decretos restritivos. Desde o dia 27 de fevereiro até 8 de março, em princípio, os templos religiosos poderão operar com até 15% da capacidade, além de manterem atendimentos individuais, como as confissões. Não é o suficiente, claro, para atender toda a demanda. Mas ao menos é um pequeno alívio. Mesmo assim, as autoridades religiosas têm sido prudentes e, apesar de algumas autorizações, estão restringindo determinadas atividades que o decreto permite, tais como o atendimento secretarial presencial.

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É preciso cuidar e zelar pela saúde das pessoas. Isso é indiscutível. Entretanto, não é possível que, um ano depois do início da pandemia no Brasil, ainda estejamos convivendo com esta situação, que piora e se agrava cada vez mais. Também é verdade que, em meio a tanta dor e sofrimento que o vírus e a doença provocaram no seio de nossas famílias, é fundamental consolar-se com Deus. E a atividade religiosa, cuja experiência divina é pessoal e intransferível, também tem sua dimensão coletiva, como as primeiras comunidades cristãs descritas nos Atos dos Apóstolos. E isso está sendo subtraído do nosso povo, obrigado a permanecer em casa.

No ano passado, ao escrever o prefácio do livro Comunhão e esperança – Testemunhar a fé em tempo de coronavírus, o papa Francisco já prenunciava a importância das celebrações públicas e coletivas de fé. Disse ele: “não foi possível celebrar a Eucaristia de maneira comunitária e pública e receber a força e consolo nos sacramentos. (...) A pandemia levanta questões fundamentais sobre a felicidade em nossas vidas e o tesouro de nossa fé cristã. (...) Esta crise é um sinal de alarme para refletir sobre onde se apoiam as raízes mais profundas que nos sustentam na tempestade”.

Reside aí a necessidade de se preservar a fé por meio das atividades religiosas. Não se discute aqui a importância de medidas restritivas. O que se questiona é o tamanho da demora em estar à mercê de desentendimentos político-partidários. Assim como disse o papa Francisco, “o perigo de ser infectado por um vírus deve nos ensinar outro tipo de ‘contágio’, o do amor, que é transmitido de coração para coração”. Está faltando essa sensibilidade em meio ao caos provocado pela Covid-19. É preciso multiplicar esse tipo de sentimento e atitude. E, para isso, é preciso permitir, de forma segura e com todos os cuidados, que as atividades religiosas se desenvolvam. Afinal, elas estão por todas as dimensões da vida: desde o nascimento até a morte, passando pelos batizados, pelos casamentos e pela convivência fraterna. Que tão logo seja possível rezarmos juntos novamente. Enquanto isso, vamos levar o Evangelho pelas ondas da internet, pelas redes sociais, ampliando a comunicação da Palavra de Deus. Que assim seja, amém!

Padre Rodolfo Trisltz é pároco e reitor do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Londrina (PR).

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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