O mundo contemporâneo anda carente de referências éticas e às vezes se perde na onda do relativismo, sacrificando importantes elementos da própria vida humana. Neste contexto e no ambiente da renúncia do papa Bento XVI, surgiu um papa vindo da América Latina, mostrando que o mundo pode ser mais humano e mais sensível aos sofredores quando as pessoas têm fé. É o papa Francisco anunciando, com simplicidade, o Evangelho da esperança e do amor a todas as pessoas de boa vontade.

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Papa Francisco – ou Jorge Mario Bergoglio –, formado em Engenharia, Filosofia e Teologia, tornou-se sacerdote jesuíta aos 32 anos, na Argentina. Como religioso, provincial dos jesuítas e bispo, mostrou uma sólida consciência social, evitando os palácios e vivendo uma vida simples, ao serviço dos pobres e de todo o povo. Foi nomeado cardeal pelo papa João Paulo II em 2001, quando a Argentina estava mergulhada numa terrível crise econômica. Ele pregou que o capitalismo selvagem empobrecia milhões de compatriotas e denunciou atitudes populistas e corruptas dos políticos profissionais. Atraiu o ódio dos políticos da família Kirchner, que não o perdoavam por denunciar os erros dos mandatários do poder – mesmo depois da eleição papal, esse grupo tentou inventar calúnias contra o seu compatriota argentino.

A trajetória de vida do papa Francisco mostra uma coerência a que o mundo atual sente-se atraído, por seu peso ético, moral e, acima de tudo, pela sua fé inabalável e simplicidade em tratar as coisas humanas e divinas. Trata as pessoas com profundo respeito e as coisas com simplicidade, mas sem perder-se no relativismo, afirmando que Deus se fez simples para habitar no meio de nós, encarnando-se no ventre de Maria de Nazaré e nascendo pobre em Belém.

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Com suas atitudes de bondade e de respeito à pessoa humana, esse papa acolhe os peregrinos em Roma, visita os pobres em várias partes do mundo, participa de grandes concentrações. Nos meses de junho e julho, em que o Brasil vivia as ondas das manifestações por melhores condições de vida, quando as autoridades temiam pela segurança do papa, ele pede para ir ao encontro do povo na Jornada Mundial da Juventude, no Rio. Por sua vez, o povo ama o papa que se faz presente no meio da multidão. Diante do iminente ataque à Síria pelas forças ocidentais, este papa articulou com sua diplomacia a suspensão do ataque e convocou dias de jejum e oração pela paz no mundo. Também em suas audiências ele clama para que o mundo abandone as injustiças e dê espaço para a fraternidade.

Em 2013, o mundo conheceu esse homem de Deus, sucessor de São Pedro em Roma, que discerne as coisas não com a lógica do mercado, mas com o espírito de Deus que deseja a fraternidade, o amor, o perdão e a solidariedade entre as pessoas e entre os povos. Ele é amado não apenas pelos católicos, mas por milhões de pessoas de outras crenças e por todas as pessoas de boa vontade. A revista norte-americana Time, o jornal francês Le Monde e outras grandes revistas e jornais do mundo nomearam este papa a "Personalidade do Ano" de 2013. Os próprios meios de comunicação afirmam que não é questão de "papamania", mas de alguém que recuperou a força da mensagem cristã e anuncia com coerência ética um mundo melhor. Sigamos o exemplo do papa Francisco!

Joaquim Parron, padre redentorista, é mestre e doutor em Educação e Ética Social.