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O que é uma mulher?
| Foto: Unsplash

A mulher é uma pessoa humana. Uma pessoa humana feminina distinta essencialmente (e não apenas corporalmente) da pessoa humana masculina. Falemos então da pessoa humana, e vejamos em seguida suas especificidades. A pessoa humana é corpórea, mas também conhece e delibera, num nível superior ao meramente sensorial ou instintivo. Nesse nível, muitos animais nos superam. Não se compara nossa acuidade visual com a de uma águia; o nosso olfato com o de um cão; ou a nossa força física com a de um gorila.  Já no nível intelectual, isto é, no nível que ultrapassa a sensação e a percepção, o nível que chega à abstração, os homens e as mulheres estão em vantagem em relação aos demais animais.  E por isso podem domá-los ou domesticá-los, mesmo em condições físicas inferiores.

Postos a comparar homens e mulheres, ambos dotados de natureza racional, o corpo de um e de outro diferem significativamente. Em termos de força ou velocidade, a desvantagem feminina é notória. Talvez por isso, sabiamente, as mulheres tendem a dispensar especiais cuidados ao seu corpo: pele, cabelo, e a aparência em geral. E o resultado não se faz esperar. Em um casamento, quem é a estrela? O noivo ou a noiva?  Em contrapartida, quem exerce, vantajosamente, trabalhos que requerem vigor ou resistência? Contratamos pedreiros homens ou mulheres?

O que é uma mulher?  Não há nenhuma igual a outra. Cada mulher é um convite a um crescimento indefinido. Sem rótulos preconcebidos.

Se na robustez corporal, o homem está à frente; no plano essencial, a mulher chega mais fundo. O que é essencialmente humano? Relacionar-se, alcançar o outro, o núcleo pessoal, único, irrepetível, de cada quem. Ora, a fisiologia da mulher, com seus ciclos, a conecta intimamente com a natureza, e o seu corpo acolhe e alimenta o ser que gera .Quando se trata de atenção personalizada, de cuidados pessoais, as mulheres têm vantagem. O último censo do Conselho Federal de Psicologia no Brasil revela que 79,2% dos profissionais dessa área são mulheres. E que diremos sobre quem contratamos como babá?

A constatação das diferenças entre homens e mulheres nos convida a distinguir, no plano filosófico, a natureza e a essência, atributos gerais, e o que há de específico em cada pessoa humana. A natureza se define como um princípio próximo ou remoto de operações. A natureza humana tem o poder de sentir, perceber, abstrair, conhecer, querer e deliberar. A essência humana se distingue da natureza por denotar a ideia de perfeição. A pessoa humana, a partir de suas escolhas, livres, pode desenvolver sua natureza e realizar sua essência de modo mais ou menos perfeito. Tornamo-nos virtuosos ou viciosos, mais livres ou mais escravos, mais senhores ou mais reféns de nós mesmos.

Quem é a pessoa humana? Aqui descemos das noções abstratas de natureza e de essência para lidar com os seres humanos concretos, individuais, que não simplesmente existem, mas invariavelmente coexistem. Os clássicos definiam a pessoa humana como “o ser subsistente de natureza racional”. É verdade que temos uma natureza racional, mas não somos a nossa natureza, não nos identificamos com ela. Temos em comum, com os demais seres da nossa espécie, a natureza e a essência, mas não há outro alguém com quem compartilhemos nosso ato de ser pessoal. Cada pessoa – cada ser humano – é mais do que sua natureza, mais do que sua essência, mais do que suas capacidades: resiste-se a qualquer enquadramento.

Cada ser humano, cada homem, cada mulher, traz uma novidade para o mundo. Mas para doar ao mundo a novidade que trazemos, devemos antes aceitar o dom que recebemos. É uma responsabilidade pessoal, ninguém o fará por nós. O que é uma mulher?  Não há nenhuma igual a outra. Cada mulher é um convite a um crescimento indefinido. Sem rótulos preconcebidos.

Maria Nazaré Lins Barbosa, advogada, é doutora em Administração Pública e Governo pela FGV e professora de Filosofia da Academia Atlântico.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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