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A ala mais radical do Partido Democrata deseja promover mudanças tidas como “progressistas” em questões importantes nos EUA
A ala mais radical do Partido Democrata deseja promover mudanças tidas como “progressistas” em questões importantes nos EUA| Foto: Pixabay

Apresentando-se como o candidato moderado, que colocaria fim a “extremismos autoritários” e garantiria a solidez da democracia norte-americana, o democrata Joe Biden foi eleito presidente do país nas eleições de novembro de 2020. No entanto, os primeiros grandes movimentos de sua gestão indicam que Biden pretende fazer um governo de acordo com o pensamento da ala da mais radical do Partido Democrata.

O mais recente movimento nessa direção veio com a autorização de Biden para que uma comissão estude a possibilidade de aumentar o número de juízes na Suprema Corte americana, que atualmente tem maioria conservadora. Manobra semelhante foi feita na Venezuela, em 2003, pelo então presidente Hugo Chávez, que expandiu a quantidade de vagas na Suprema Corte venezuelana de 20 para 32 assentos, garantindo maioria para aprovar projetos e mudanças na Constituição que serviram de base para a imposição do regime ditatorial de esquerda, hoje liderado por Nicolás Maduro.

Aumentar a quantidade de vagas na Suprema Corte faz parte das reivindicações da ala mais radical do Partido Democrata, que deseja promover mudanças tidas como “progressistas” em questões importantes nos EUA, sem enfrentar uma oposição do Judiciário. Trata-se de uma medida casuística, uma intervenção de um poder sobre o outro e que traria sérias consequências para o Estado Democrático de Direito americano.

Enquanto o aumento de juízes na Suprema Corte começa a ser debatido, os projetos democratas que aumentam o peso do Estado na economia norte-americana seguem a todo vapor. Biden já conseguiu a aprovação de um pacote de estímulo à economia americana no valor de US$ 1,9 trilhão, que incluem aumento no valor do seguro-desemprego, auxílios para famílias mais pobres e ajuda a estados e municípios.

Já o segundo pacote, mais ambicioso, no valor de US$ 2,3 trilhões, prevê investimentos em obras de infraestrutura e sustentabilidade. Para financiá-lo, o governo pretende aumentar o imposto cobrado sobre as empresas, que teve alíquota reduzida para 21% na gestão do republicano Donald Trump e agora pode subir para 28%. Além disso, irá dobrar os impostos sobre ganhos de capital, dos atuais 20% para cerca de 40%.

Ou seja, com o pretexto de promover uma rápida recuperação da economia, o governo Biden recorre ao expediente de se apropriar de uma fatia maior da riqueza gerada pela sociedade, por acreditar que estes recursos serão melhor alocados se estiverem nas mãos do Estado. Enquanto isso, analistas econômicos alertam para o risco de um aumento da inflação no país.

A mídia “progressista”, entretanto, já ensaia o discurso para defender as medidas do governo democrata. Na proposta orçamentária para o ano de 2022, Biden incluiu aumento de gastos com escolas públicas, transporte público e limpeza ambiental. Estaríamos diante do propalado Green New Deal, proposto pela deputada Alexandria Ocasio-Cortez e endossado por Bernie Sanders, ambos da ala socialista dos democratas?

Elevação de impostos para empresas, aumento de gastos públicos, inflação no radar e, agora, a possível expansão no número de juízes na Suprema Corte colocam o futuro dos Estados Unidos em xeque. Antes conhecido como a terra da liberdade, é possível que essa credencial se torne apenas uma lembrança e não mais uma descrição do país norte-americano.

Por fim, antes que alguém diga “ah, pelo menos na República Bolivariana do Biden tem vacina contra a Covid-19”, é verdade, tem, sim. E a garantia dessas vacinas se deu em julho de 2020, quando Trump era presidente e fechou um acordo com a Pfizer/BioNTech para comprar todas as primeiras 100 milhões de doses de vacinas produzidas pelos laboratórios, além de mais 600 milhões de doses ao longo do ano de 2021.

*Victor Oliveira é mestre em Instituições e Organizações.

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