Foto oficial do primeiro mandato de Getúlio Vargas como presidente do Brasil.| Foto: Reprodução/Domínio Público
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Quem tinha 7 ou 8 anos em 1954, se lembra das posições políticas altamente antagônicas entre os partidários do PTB de Getúlio Vargas e dos partidos que lhe faziam oposição, entre eles o PSD, o PL, UDN e outros tantos que existiam na época. Vivia-se, no Brasil, um extremado clima de fanatismo manifestado tanto pelo PTB, como pelas outras siglas. Lembro-me de que os partidários do PTB eram xingados por adversários, mas também rebatiam as ofensas usando termos como “corvos”, “manada”, “reacionários”, “traidores” e por ai em diante.

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Para o PTB, era impossível ser amigo, ou estabelecer uma conversa com alguém que não fosse seu correligionário e de igual sorte para os filiados às outras dezenas de agremiações não era admitido qualquer tipo de relação com alguém do PTB, que não fosse caracterizada pela discórdia, e mesmo confronto físico. Ambos os lados se declaravam inimigos pessoais de qualquer homem ou mulher que fosse filiado a outro partido adversário do seu.

Voltamos ao passado, e estamos agindo da mesma forma como fazíamos há 70 anos. É desnecessário dizer que estamos divididos e polarizados entre duas correntes ideológicas opostas.

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Vivíamos tempos difíceis em todo o Brasil e na fronteira do Rio Grande do Sul, não raras  vezes, nos ‘bolichos” de campanha, nos comércios, ou nos canchas de osso das cidades tinha-se a notícia de adversários  e desafetos  políticos cujas discussões com antagonistas tinham se acalorado demais e terminado de forma trágica. Naquela época, o Brasil foi acometido por inúmeros confrontos entre grupos com ideologia contrárias entre si, que deixaram o país em um clima de terror e de morte.

Com grande tristeza, podemos ver nos dias de hoje o mesmo clima. Voltamos ao passado, e estamos agindo da mesma forma como fazíamos há 70 anos. É desnecessário dizer que estamos divididos e polarizados entre duas correntes ideológicas opostas que dominam  cenário político brasileiro. E o campo de luta destas duas facções não se estende mais pelos bolichos de campanha, pelos comércios de carreiras e nem pelas canchas de ossos dos arrabaldes das cidades.

As guerras com suas batalhas são travadas, agora, no campo virtual das redes sociais, onde os inimigos se enfrentam em batalhas verbais cujas armas são o a raiva, o ódio, o escárnio, o desprezo que os contendores nutrem por aqueles que fazem partes das hostes oponentes e cujas reputações têm de ser destruídas. Nessas batalhas tudo vale e tudo é lícito de ser usado por cada um dos exércitos em guerra.

O que eu vejo de pior com relação  a esta volta ao  passado é que, naquele tempo, as famílias – pais, tios, avós, irmãos, sobrinhos, cunhados e amigos – estavam no mesmo lado e hoje, muitos familiares, por doutrinação sofrida na adolescência, nos bancos escolares do ensino médio e universitário, estão em lados opostos de parentes e amigos e, nas batalhas, desprezam os valores familiares e se atacam mutuamente, rompendo relações que jamais poderiam ser extintas.

E parece que essa guerra vai longe, pois a cada dia que passa as hostes, que dela participam, produzem mais raiva, mais aversão e mais ódio entre si, atitudes estas que alimentam um antagonismo vazio que, com certeza, produzirá prejuízos imensuráveis para o país e para todos nós. Reeditamos o passado e o tornamos mais cruel, mais violento, mais ignorante, mais odioso e com atitudes mais incompreensíveis.

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Precisamos ter como propósito a busca do respeito, da paz, da razoabilidade, das boas relações pessoais, também nas discussões sobre política. A construção de um pais democrático passa por aprender a defender posicionamentos políticos sem violência nem crueldade. Lembremos que são os falsos líderes os principais beneficiados pelo fanatismo político, das paixões ou idolatrias partidárias.

Erner Antonio Freitas Machado é consultor financeiro e imobiliário.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]