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Até quando o ditador sírio Bashar Assad conseguirá manter-se no poder à custa de reprimir com violência extrema as manifestações populares por mais liberdades no país é a indagação que se coloca. Só nessa semana, que coincide com o início do Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos, mais de cem manifestantes foram mortos por forças leais ao presidente sírio na cidade de Hama, um dos principais redutos dos rebeldes. O massacre em Hama por ordem de Bashar Assad é emblemático por ter sido praticado na mesma cidade onde, há 29 anos, ocorreu o morticínio de 10 mil manifestantes pelas forças de Hafez Assad, pai do atual chefe do governo sírio, que mostra ser um seguidor à altura dos métodos do genitor.

A instabilidade que atinge a Síria é o reflexo das convulsões sociais que vêm sacudindo há alguns meses o Oriente Médio e países da África, dominados por oligarquias que se encastelaram no poder há décadas. Governos como os do Egito e Tunísia acabaram caindo diante das pressões populares, que também sacudiram o Bahrein, a Arábia Saudita, Líbia, Etiópia e o Irã.

As matanças cometidas por Assad vêm provocando reações em todo o mundo. Diante da escalada da violência no país, os Estados Unidos, a França e a Grã-Bretanha estão pressionando o Conselho de Segurança da ONU a aprovar uma moção condenando o governo sírio. Tal resolução, entretanto, vem sofrendo oposição do Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul que não concordam com a medida. No caso brasileiro especificamente, o veto a uma condenação formal à Síria se contrapõe às expectativas de que houve uma guinada na linha diplomática no governo da presidente Dilma Rousseff no comparativo com o do seu antecessor. Por exemplo, Dilma chegou a apoiar na ONU uma investigação sobre violações dos direitos humanos no Irã, medida impensável durante o mandato de Lula, que reiteradas vezes bajulou o presidente Mahmoud Ahmadinejad e fez vistas grossas à violência contra os opositores do governo iraniano.

Diante da crise na Síria, no lugar de uma moção condenatória, o Itamaraty vem defendendo o envio de uma missão diplomática a Damasco para dialogar com o presidente Bashar Assad. A proposta, entretanto, é vista com ceticismo pelos EUA e outros países, que temem que o governo sírio se aproveite da visita apenas para ganhar tempo, enquanto continua a sufocar com sangue a revolta nas ruas.

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