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A alegria é a alma que dispõe o ser humano para o melhor da vida, ou seja, a generosidade, o discernimento e a reverência. São Francisco de Assis é, por sua história e seu modo de vida, uma inspiração por excelência para a alegria. Francisco nasceu, acredita-se, em 1181 ou 1182, na cidade italiana de Assis, situada nos confins do Vale de Spoleto. Desde a sua infância, mostrou-se alegre, amável, pródigo, cortês, generoso, desapegado de si e fiel a seus propósitos. Distinguia-se pela compaixão para com os pobres que encontrava pelo caminho, a ponto de dar-lhes abundantes esmolas. Tomás de Celano atestou, como testemunha ocular, que Francisco "tinha maneiras simples, o rosto alegre e mostrava-se incapaz de ser arrogante".

E não foram poucos os que viram Francisco, ainda menino, brincando alegre com outras crianças pelas estreitas ruas de Assis. Viram-no como adolescente e jovem afoito com tantos sonhos. Viram-no, ainda mais feliz, dirigir-se inúmeras vezes até os arredores de Assis levar pão aos leprosos, estar com eles e aprender deles a sorrir, a amar mesmo sem ser amado, a compreender mesmo sem ser compreendido.

Após meses de discernimento, Francisco sentiu que era o momento de tornar público o propósito que já em seu coração havia decidido levar a bom termo: tornar-se tanto quanto possível um servo de Deus para os pobres, enfermos e abandonados. Sem mais demorar-se, foi ao encontro de seu pai e, em praça pública, a ele devolveu algum bem familiar que ainda trazia consigo.

Não demorou muito e Francisco passou a receber vários jovens também querendo viver a mesma inspiração do Evangelho. Por onde andavam, Francisco e seus primeiros companheiros eram identificados como homens de valor e amigos de Deus. Dois anos antes de sua feliz passagem para junto de Deus, em Francisco confirmava-se para sempre uma máxima humana: "Cada pessoa acaba se assemelhando a quem ama". Sim, havia ele se assemelhado a Cristo no modo de amar tudo e todos sem distinção. Já transcorriam 20 anos da admirável conversão de Francisco à vontade de Deus quando, no entardecer do dia 4 de outubro de 1226, ele partiu da terra para o céu, do tempo para a eternidade.

Até hoje, quase 800 anos após a sua morte, a humanidade ainda identifica em São Francisco uma inspiração para a alegria, o discernimento e a reverência. Um exemplo recente se deu dentro da própria Igreja que ele tanto amou. O então cardeal Jorge Mario Bergoglio, jesuíta, ao ser escolhido papa identificou em São Francisco uma feliz inspiração para o desenvolvimento de sua missão junto ao povo. Mais que isso, tem surpreendido a humanidade fazendo opções pela simplicidade no seu estilo de vida. Tem convidado os cristãos católicos e até mesmo pessoas de outros credos a rezar pela paz na Síria e no mundo. Em visita ao Brasil, o papa Francisco irradiou paz e esperança ao convidar todos a cuidar para que ninguém ficasse privado do necessário, que houvesse diálogo entre as gerações, diálogo com o povo, cultivo da capacidade de dar e receber, da ajuda mútua.

Por esses e por tantos outros motivos, São Francisco de Assis continua sendo uma inspiração para a alegria, para o perdão mesmo onde a ofensa já semeou sofrimento, para a fraternidade mesmo onde muitos difundiram discórdia. Escolhido como a personalidade do último milênio, São Francisco de Assis é uma inspiração principalmente para as instituições de ensino de hoje, levando-as a fazer opções por uma formação humanística, capaz de dirimir junto aos seus alunos o preconceito, a indiferença ante a sacralidade da vida e a lucratividade sem nenhum parâmetro ético.

Frei Guido Moacir Scheidt, franciscano, é presidente da Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus.

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