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Saúde, bem-estar e qualidade de vida são assuntos cada vez mais presentes no dia a dia do brasileiro. O aumento da expectativa de vida, o envelhecimento populacional e a maior incidência de doenças crônicas, como obesidade e diabetes, impulsionou o crescimento do mercado de saúde. Neste cenário, os exames de análises clínicas são de fundamental importância. Além de essenciais para o diagnóstico e o tratamento de qualquer patologia, eles são úteis também para a medicina preventiva, já que muitas doenças podem ser evitadas antes mesmo de se manifestar ou em seus estágios iniciais. Mas a saúde pública parece não dar a eles o devido valor.

A tabela do Serviço Único de Saúde (SUS) que determina os preços de exames realizados pelos laboratórios de análises clínicas não é atualizada há mais de 20 anos. Desde 1994, o valor pago para um exame de glicose – essencial para detectar hiperglicemia, hipoglicemia e diabetes – por exemplo, é de R$ 1,85. Para um exame parasitológico de fezes, o valor é de R$ 1,65. O que fazemos hoje em dia com menos de R$ 2? Imagine, então, um laboratório de análises clínicas.

Desde 1994, o valor pago para um exame de glicose é de R$ 1,85

Além de profissionais especializados para colher, analisar e fornecer um laudo sobre os testes, os laboratórios ainda têm custos com toda a estrutura para o atendimento adequado do paciente e com materiais básicos, como seringas, luvas, algodão, reagentes e equipamentos – que são, em sua maioria, importados. Todos esses itens tornam o valor pago pelo SUS irrisório. A tabela atual nem sequer leva em conta a inflação que tivemos no período.

O impacto disso vai muito além da questão econômica. Pequenos laboratórios, principalmente os do interior, não conseguem sobreviver e acabam fechando as portas ou sendo incorporados por grandes grupos. Lá na frente, isso pode causar danos ao bolso do consumidor, já que, na mão de poucos, é o mercado que dita o preço. Mas mais importantes ainda são os impactos na saúde. Sem verba para investir em tecnologia e aperfeiçoamento, muitos laboratórios não priorizam a qualidade do serviço, o que pode comprometer o trabalho dos médicos. E com saúde não se brinca.

Marcos Kozlowski, bioquímico e especialista em Bacteriologia, é responsável técnico do Lanac – Laboratório de Análises Clínicas.
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