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Estamos vivendo um momento necessário, mas delicado no Brasil. Afirmo isso porque as manifestações mudaram o modo como os governantes enxergam a população que viu, mais do que nunca, que a união faz a força. Mas algumas decisões parlamentares continuam criando polêmicas.

Dentre essas decisões, o Ato Médico anunciado pelo governo azedou completamente a relação entre médicos e o governo. Por isso, no Dia Nacional da Saúde, celebrado na próxima segunda-feira, gostaria de lembrar que, sem médicos, essa data nem poderia existir.

Já em primeiro lugar, lembro que esse dia foi escolhido em homenagem ao médico Oswaldo Cruz, conhecido por lutar contra a febre amarela, a peste bubônica e a varíola. Até hoje médicos pesquisam diferentes maneiras de curar e tratar doenças por todo o Brasil. Assim como Oswaldo Cruz, temos inúmeros profissionais da saúde que são conhecidos mundialmente por seus feitos.

Depois, infelizmente, preciso lembrar que as condições de trabalho e de pesquisa nem sempre são as ideais no nosso país, o que prejudica o bom trabalho nessa área. Por fim, diferentemente do que vem sendo apontado, não faltam médicos no Brasil. Faltam, sim, melhores condições de trabalho e mais valorização da profissão.

Vamos aos números. Um médico precisa estudar, no mínimo, quase 8 mil horas para se formar – uma carga horária muito acima da de algumas profissões. Além disso, são seis anos de curso e mensalidades que podem ultrapassar R$ 6 mil. Mesmo em universidades públicas, o gasto com os estudos pode chegar a mais de R$ 1 mil por mês. Isso sem mencionar o caminho trilhado para a especialização, que pode durar vários outros anos.

Agora, de que adianta tanto esforço se não existir infraestrutura adequada a todos os níveis de complexidade que esse tipo de atendimento exige? Precisamos lembrar, neste Dia Nacional da Saúde, que é preciso estrutura, material e recursos para diagnósticos. Só assim é possível realizar um atendimento adequado aos pacientes.

Não precisamos de mais médicos. Precisamos de mais ações em prol da medicina no Brasil. Investimentos públicos que, de fato, proporcionem a melhoria da infraestrutura hospitalar. Saúde não depende só de médico!

Milton Zymberg é diretor do laboratório Frischmann Aisengart.

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