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Parque eólico Brisa Potiguar da Copel em São Miguel do Gostoso a 120 quilometros de Natal do Rio Grande do Norte. Usina eólica no Rio Grande do Norte - estação eólica da Copel
Geração de energia eólica. Imagem ilustrativa.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

O poder geopolítico pode passar dos países dominados pelo petróleo para aqueles que produzem os minerais essenciais que vão sustentar a transição para a energia limpa e novas tecnologias, caso os países não adotem um modelo de economia circular de larga escala, de acordo com um estudo da KPMG que incentiva os setores de energia renovável e tecnológico a cooperar com o setor de mineração.

Assim como a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) colaborou no fornecimento de petróleo para forçar a alta dos preços e punir os oponentes diplomáticos na década de 1970, o diretor global de mineração da KPMG, Trevor Hart, afirmou que o mundo poderá ver um equivalente mineral crítico se passos claros não forem dados em direção à economia circular.

Minerais como lítio, grafite, vanádio, cobalto e índio vêm sendo considerados como fundamentais para a transição energética e tecnológica. Cobre, níquel e terras raras também são vistos pela maioria dos especialistas como provavelmente necessários para a infraestrutura de energia renovável e baterias. Vale lembrar que o acesso a esses recursos estratégicos está centralizado em poucos países e poderá depender de fatores políticos de grande instabilidade.

A Austrália é um dos maiores produtores de lítio do mundo. Segundo estudo da KPMG, a República Democrática do Congo e o Chile, entre outras nações, também têm um papel importante a ser desempenhado. A China estava na lista em função do domínio que tem das terras raras e mineração de grafite, mas também pelo papel de principal refinadora e consumidora de todos os minerais essenciais. Já na América do Sul e na África, há diversos países com oportunidades similares, e isso depende da estabilidade dessas economias e países para poderem participar do fornecimento. Em vez de formar um cartel como a Opep, as nações com metas agressivas de mudanças climáticas deveriam colaborar melhor com as mineradoras para garantir que possam acessar recursos suficientes para assegurar que o fornecimento de minerais essenciais acompanhe a transição para um mundo de baixo carbono.

Ainda estamos no início de uma transição. Conforme a demanda aumenta, o fornecimento assumirá maior importância. Além disso, a força da vantagem começará a ficar com os países que podem facilitar a transição para a energia limpa, como o Brasil, por meio de suas fontes naturais, etanol e biogás. Mas a maioria dos países pode depender desses minerais, e a influência dos países produtores aumenta. O setor de mineração e a economia circular podem ser a opção para reduzir esta dependência.

Há um risco subestimado para a transição energética e tecnológica. A atenção do mundo vem se concentrando nos custos das próprias tecnologias renováveis e, comparativamente, pouca atenção tem sido dada à cadeia de suprimentos que torna essas tecnologias possíveis. A questão central não é necessariamente a quantidade de minerais. As reservas globais conhecidas são de fato suficientes para atender às projeções atuais de demanda por muitos desses recursos. A questão que se coloca é: quem as controlará?

Ricardo Marques é sócio líder de mineração da KPMG. Nelmara Arbex é sócia líder de ESG da KPMG.

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