Ex-presidente americano Donald Trump. que busca um segundo mandato| Foto: EFE/EPA/Yuki Iwamura / POOL
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Friedrich Nietzsche definiu a racionalidade humana como obsoleta e ultrapassada, subordinada ao subconsciente e ao imaginário. Ele destacou a ética como estética, ilustrando a limitada percepção do ser humano na sociedade, e que se distanciaria da realidade dos fatos. Por exemplo, ao afirmar que matar uma barata pode ser visto como heroísmo, enquanto matar uma borboleta é considerado vilania, embora ambos sejam insetos.

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Na política, as interpretações muitas vezes refletem essa dissonância da ética estética influenciadas pela busca ideológica de um mundo melhor, como observado nas visões progressista e conservadora.

Um exemplo contemporâneo da controvérsia da ética estética na política é a do ex-presidente e postulante à presidência dos EUA, Donald Trump. Embora muitos não o vejam como um modelo de grandeza, é importante reconhecer sua capacidade de síntese, seus feitos, ainda que possam ser desconhecidos para tantos.

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Durante anos, Vladimir Putin declarou ao mundo sua preocupação com a inclusão de novos países na OTAN em um bloco que se consolidava na direção do oriente, tratando isso como uma ameaça iminente. Trump buscou realinhar as forças da ordem mundial, esvaziando o patrocínio financeiro à OTAN, uma organização da qual os EUA são o principal patrocinador, e eliminando as contribuições também para a ONU e a UNICEF, criticando a instrumentalização dessas instituições por interesses corporativos.

Além disso, Trump desafiou as convenções ao estabelecer novas diretrizes protecionistas em relação à China, rompendo com o paradigma da interdependência da cadeia de suprimentos global. Embora inicialmente condenada, sua postura foi posteriormente adotada pela Europa e, também, em relação à Rússia, que reconheceu a necessidade de reconfigurar sua matriz energética e reduzir a dependência do fornecimento de gás russo.

Trump incentivou um reposicionamento nas cadeias produtivas, como o estabelecimento do nearshore no México em relação aos EUA, e na Hungria e República Tcheca em relação à Europa, o que se mostrou acertado no pós-pandemia

Trump também demonstrou uma compreensão da complexidade geopolítica ao reconhecer as ameaças representadas pelo avanço da China, especialmente em relação aos abusos dos direitos humanos e às práticas econômicas desleais. Ele incentivou um reposicionamento nas cadeias produtivas, como o estabelecimento do nearshore no México em relação aos EUA, e na Hungria e República Tcheca em relação à Europa, o que se mostrou acertado no pós-pandemia COVID-19.

Quanto à Venezuela, os embargos impostos por Trump ao regime chavista pressionaram o país a quase sucumbir a um conflito social diante da escassez de alimentos e medicamentos, apesar de suas vastas reservas de petróleo.

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A história mostrou que a quebra do establishment seria possível apenas pela ruptura do status quo como a que foi promovida por Trump, ainda que, a despeito da inadequada maneira como fez, e da Realpolitik, tenhamos ao final visto suas estratégias resultarem em um mundo mais seguro, uma cadeia de suprimentos mais estável e, portanto, melhor bem-estar para todos.

De outro modo, quando confrontados com o que entendemos ser compatível com a estética da ética, vemos a velha história do sapo na panela, que serve como uma metáfora poderosa para ilustrar como uma sociedade pode gradualmente se acostumar com aquele governante populista e bem-falante, ou alguns dos caudilhos latino-americanos encantadores de serpentes que a todos fascinam, até que seja tarde demais para reagir.

Alexandre Nigri, formado em Economia e Administração de Empresas com especialização em real estate, é CEO do Grupo Maxinvest.