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Imagine só: um belo dia azul, você acorda cedo e lembra que está a bordo de uma embarcação na costa brasileira. Pula da cama e corre para respirar o ar da manhã. E assim que seus pés tocam o convés, para além do espetáculo do sol surgindo no horizonte, você se depara com um verdadeiro mar de água verde escura avançando continente adentro ao encontro de montanhas cobertas pela densa vegetação da Mata Atlântica. Um majestoso santuário no qual se podem avistar golfinhos em evolução, pássaros exóticos, manguezais e, com um pouco de sorte, até mesmo felinos de porte.

Tal sensação, a mesma experimentada pelos primeiros navegadores que singraram o Atlântico sul nos idos dos séculos XV e XVI, pode ser ainda hoje vivida por turistas brasileiros e estrangeiros que, a bordo de confortáveis navios de cruzeiro, venham a penetrar os mistérios e belezas da baía de Paranaguá.

Acidente geográfico incomparável, a baía de Paranaguá domina o litoral do Paraná como um estuário de magníficas proporções, generoso em belezas naturais, história, folclore, gastronomia, artesanato e outras riquezas culturais que se desdobram num leque de atrações até hoje explorado muito aquém de seu potencial.

Potencial que lapidado por políticas públicas e aporte de investimentos poderá se transformar rapidamente no motor do desenvolvimento integrado da microrregião de Paranaguá; envolvendo os municípios de Antonina, Guaraqueçaba, Guaratuba, Matinhos, Morretes, Paranaguá e Pontal do Paraná, além de dezenas de povoações ribeirinhas, num círculo virtuoso de crescimento econômico e inclusão social sem precedentes em nossa história.

Nesse sentido, um recente encontro entre os prefeitos desses municípios, a ministra do Turismo, Marta Suplicy, e alguns dos maiores operadores brasileiros, que tive a satisfação de promover, foi sem dúvida um passo fundamental para a revitalização de nosso litoral como destino turístico de fato e de direito. Na ocasião, a própria ministra destacou que o litoral paranaense precisa ser mais e melhor explorado e sugeriu que por meio de emendas parlamentares sejam destinadas verbas para obras de infra-estrutura que venham a contribuir com esse objetivo.

Afinal, o governo federal tem grandes planos para o Paraná, como demonstram os investimentos que nos últimos três anos dotaram nosso litoral de um braço da Universidade Federal e de uma Escola Técnica, prestes a ser construída em Paranaguá. E entre os até R$ 43 milhões que serão liberados ao longo deste ano para o nosso estado, já estão alocados inclusive recursos para a restauração do Santuário de Nossa Senhora do Rocio, em Paranaguá – destino de peregrinação da fé católica dos mais importantes, que em 2006 recebeu impressionantes 40 mil romeiros.

Mas é preciso avançar ainda mais. É preciso, principalmente, dotar os pujantes portos de Paranaguá e de Antonina – que no ano passado geraram uma receita cambial de mais de US$ 9 bilhões – de infra-estrutura adequada à recepção de navios de passageiros, facilitando aos viajantes do Brasil e do exterior o acesso às paisagens deslumbrantes da nossa Serra do Mar, às delícias dos nossos restaurantes típicos, à originalidade do nosso comércio de artesanato, à hospitalidade dos nossos hotéis e a tantos outros aspectos da nossa cultura caiçara que, plenamente desenvolvidos, constituir-se-ão em fonte inesgotável de novos empregos e negócios.

Os números mostram que vale a pena investirmos na integração do nosso litoral através do turismo. Vejamos: no ano que passou, o estado do Paraná recebeu cerca de 4 milhões de visitantes. Destes, 1.434.067 estiveram na bem equipada Foz do Iguaçu, destino turístico mais conhecido do Brasil. Entretanto, em nosso litoral de ainda tímida infra-estrutura, passaram nada menos que 1.661.930 turistas, sendo que 130 mil deles para perfazer o inesquecível passeio de trem pela estrada de ferro Curitiba – Morretes – Paranaguá, marco histórico da engenharia do Brasil Império. E, além disso, mais de 2 milhões de pessoas visitaram Curitiba, há cerca de apenas uma hora de distância de nossas cidades litorâneas.

Por esses e outros motivos, não resta dúvida: o turismo, indústria não-poluente em perfeita sintonia com a consciência ambiental do século XXI, é hoje a principal via de acesso de nosso litoral e sua gente à modernidade, prosperidade, qualidade de vida e níveis de educação equivalentes aos de primeiro mundo. Logo, envidar esforços para viabilizar a infra-estrutura necessária ao seu desenvolvimento é tarefa prioritária de todos: autoridades, empresários, lideranças políticas, de classe, estudantis, religiosas e sociedade civil organizada.

Pois esta sim é a verdadeira globalização: dar a conhecer a outros povos nossos hábitos, hábitat e cultura para que, como diante de um espelho, conheçamos um pouco mais de nós mesmos. E, ao fazê-lo, além de obter uma visão renovada de nossa identidade e valores, venhamos a nos tornar mais fortes e cosmopolitas.

Angelo Carlos Vanhoni é deputado federal (PT-PR).

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