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 | Albari Rosa/Gazeta do Povo
| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Globalização, quem nunca a sentiu na pele? De modo geral, queremos estar inseridos no mundo, trazer o mundo para nosso cotidiano, usar e abusar do que ele oferece. Mas, quando se trata de compartilhar o que é nosso, então o ego não permite. Internacionalizamos tudo, porém os modelos de gestão internacionais, como as privatizações, são tabus para a população.

Não podemos negar que o conceito de “global”, que começou na época das Grandes Navegações e se intensificou no início desse milênio, já é permanente. Especialmente nas questões culturais, científicas e tecnológicas que são, de modo geral, muito importantes e benéficas à comunidade mundial. Sociologicamente falando, é até errado discutir a importância da integração global quando nos referimos à humanidade pois, apesar das diferenças, pertencemos ao mesmo mundo. Mas é exatamente pelas diferenças que isso se faz necessário e possível.

Quando falamos em privatização, parece que ferimos o ego de alguns protecionistas

Por outro lado, quando abrimos muito espaço ao que não é local, perdemos a chance de permitir um desenvolvimento local. Quando esse fato gera concorrência e aumento de qualidade da indústria nacional (que, aliás, não é tão nacional assim – vide os setores automobilístico, de cervejas, de chocolates etc), então tudo bem, deste modo podemos considerar as perdas ambientais, principalmente da logística de importação, como um investimento. Mas e quando tornamos uma sociedade dependente ou viciada?

A internacionalização é o sonho de todos os brasileiros. Enquanto o governo quer aumentar o superávit da balança comercial, as empresas querem estar nas prateleiras do mundo e as pessoas querem circular livremente.

Parece que tudo o que é internacional é melhor. Hollywood, rock’n roll, croissant, Cambridge. O brasileiro adora o internacional, viaja, estuda fora. Mas o que traz na bagagem é o desejo do consumo pelo internacional, quando o mais importante deveria ser o entendimento de política tido pelos países de primeiro mundo e a intolerância total à corrupção e à ineficiência na gestão dos órgãos públicos.

Da mesma forma que substituir algumas coisas por outras de fora é preferência de muitos, substituir também uma gestão governamental ineficiente por outra pode ser uma solução para o lento desenvolvimento de nossa economia. E uma gestão de fora não significa necessariamente estrangeira, mas que não seja da esfera governamental.

Porém, quando falamos em privatização, parece que ferimos o ego de alguns protecionistas. Afinal, não podemos entregar nas mãos dos estrangeiros nosso patrimônio, somos um país soberano e independente. Mas que independência é essa que depende totalmente do humor das bolsas de Londres e Nova York para saber se o câmbio vai favorecer as exportações de nossas commodities? Que, se os Estados Unidos ou a Europa entrarem em crise novamente, teremos queda na indústria e aumento no desemprego? Que, caso os Estados Unidos aumentem seus subsídios agrícolas, perderemos a competitividade para o mundo todo. Algo está errado nesse conceito de independência.

Se não temos capacidade de eleger governantes capacitados a gerir, precisamos designar quem o faz com competência. Se as regras de uma privatização forem bem desenhadas, tendo o governo apenas como guardião, as instituições públicas podem se focar exclusivamente nas suas funcionalidades, e não nas burocracias excessivas ou nas politicagens de empregos.

Ao analisarmos as origens das crises globais, grande parte tem relação com uma bolha imobiliária e outra parte tem relação com o elevado endividamento do país, que por sua vez se origina no desproporcional gasto público do governo, nos salários, benefícios e na previdência.

As privatizações podem ser um caminho austero, mas que projetará o país para um nível de serviços e infraestrutura de patamares internacionais, do jeito que o brasileiro gosta.

Carlos Eduardo da Costa é coordenador dos cursos de Logística e Comércio Exterior do Tecpuc.
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