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A perspectiva de consolidação de parcerias público-privadas é estimulante e ajuda a de­­­senhar novos cenários para o crescimento econômico e social do Paraná

Aterrissam os dogmas de que as privatizações são, em sua essência, prejudiciais à organização social e servem apenas e tão somente ao capital. Com a mudança de paradigma, o Brasil pode ganhar, e muito. É isso que enxergo a partir do anúncio do governo federal de prováveis concessões de aeroportos ao investimento privado.

Vivemos um novo tempo. E ele trouxe nuvens cinzentas para a atividade pública em razão da baixa capacidade de investimento dos governos. Dessa forma, medidas do gênero podem fazer decolar projetos que hoje estão em terra exatamente por falta de recursos.

Ao abrir essa possibilidade, desatam-se amarras preconceituosas e absolutamente extemporâneas que travam nosso desenvolvimento ao não admitir a possibilidade de criação de um modelo híbrido de parceria entre o Estado e a iniciativa privada.

É razoável conceber que o capital privado assuma a responsabilidade de dar cabo das dificuldades técnicas, estruturais e operacionais dos nossos aeroportos. Em contrapartida, é plausível que o investidor explore comercialmente os terminais, sempre sob a necessária fiscalização de um órgão estatal.

No Paraná, esse modelo contribuiria para dotar de melhor infraestrutura nossos 40 aeroportos e aeródromos públicos (36 administrados por municípios e quatro pela Infraero). Além de realizar reformas prementes, tal modelo pode viabilizar terminais que estão em estudo nas regiões Oeste e Sudoeste.

Torço para que essa nova visão se cristalize no menor prazo possível. Enquanto isso, assumimos o compromisso de elaborar o Plano Aeroviário do Paraná, que demonstrará as prioridades de investimentos nesse setor em todo o estado. Essa tarefa será tocada com apoio integral da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, conforme compromisso assumido recentemente conosco pelo ministro Wagner Bittencourt.

O modelo de parceria aventado nos dará oportunidade para viabilizar as obras nos aeroportos de Curitiba, Maringá, Londrina e Foz do Iguaçu, assim como construir dois novos terminais. Um entre Francisco Beltrão e Pato Branco e outro entre Cascavel e Toledo, com maior capacidade operacional do que os já existentes.

Claro que só isso não nos basta, e é evidente que as providências na área aeroportuária não suprem as carências de infraestrutura verificadas em nosso estado. Temos muito a resolver no setor de transporte e logística.

Os gargalos nos portos, nas rodovias, estradas vicinais e hidrovias são bem conhecidos e estão apontados em diagnósticos como o do Fórum Futuro 10 Paraná, por exemplo. Eles serão tratados com primazia por este governo, que não medirá esforços para resolvê-los.

A perspectiva de consolidação de parcerias público-privadas, contudo, é estimulante e ajuda a desenhar novos cenários para o crescimento econômico e social do Paraná. Nos dá condições práticas para atender à demanda de setores essenciais para um estado que não é só o maior produtor de grãos do país. Temos uma agroindústria moderna, uma indústria diversificada, comércio dinâmico e um setor de serviços em franca expansão.

As PPPs são um caminho. Mas o Paraná precisa e merece mais do que governo federal vem nos oferecendo pela enorme contribuição que damos ao país. A União já conhece nossas necessidades e potencialidades desde que incrementamos a interlocução com as autoridades em Brasília para obter novos recursos do PAC.

Recentemente, em encontro com a presidente Dilma Rousseff, recebi a garantia de que teremos respostas urgentes, especialmente em obras de infraestrutura e saneamento básico.

O "desarme" do governo em relação a dogmas do passado pode ser uma resposta criativa ao momento que vivemos. Espero que essa visão se consolide e que ajude a destravar o processo de modernização da logística do estado e do país. Só assim poderemos decolar rumo a uma nova dinâmica econômica, mais moderna e sustentável.

Beto Richa é governador do Paraná.

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