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O engenheiro e ex-governador do Paraná Pedro Parigot de Souza é considerado o grande presidente da história da Copel. Com toda a justiça, seu nome batiza uma usina hidrelétrica em Antonina. A usina GPS lançou a Copel e o Paraná no rol dos grandes projetos hidrelétricos no fim dos anos 60. As águas, represadas no Rio Capivari, em Campina Grande do Sul, foram desviadas para o Rio Cachoeira e, com um desnível de 740 metros, conduzidas por 15 km de um túnel subterrâneo que atravessa nada mais nada menos do que a Serra do Mar. Um desafio de engenharia, um orgulho para a Copel.

Em setembro de 2012, o governo federal surpreendeu o setor elétrico com uma proposta de antecipação de renovação de concessões de usinas e de linhas de transmissão que venceriam em 2015. A surpresa foi que, com a intenção de reduzir a tarifa de energia elétrica, o governo propôs alterações significativas para o modelo desses contratos, com forte impacto para as empresas e incertezas para todo o mercado.

A Copel tinha somente uma usina importante com contrato a vencer, a nossa querida Parigot de Souza. Aceitamos antecipar a renovação das linhas de transmissão, mesmo com uma perda de receita de mais de R$ 200 milhões por ano. Era um contrato com muitas linhas de transmissão que, se não fosse renovado, poderia impactar duramente a Copel.

As medidas trazidas pela MP 579 desequilibraram o setor e todo mundo já sabe no que isso resultou

A renovação da concessão de GPS foi estudada a fundo em 2012. A análise final, estritamente técnica e econômico-financeira, indicou que a empresa perderia muito se antecipasse a renovação como propunha o governo federal. Era claramente mais favorável e responsável manter o contrato até seu fim, em julho de 2015, e depois disputar o leilão para recuperar a usina.

Nossa decisão foi apresentada, na época, ao acionista majoritário. O governador Beto Richa nos deu respaldo, mantendo o compromisso de que a gestão da Copel deveria primar pelo fortalecimento da empresa, responsabilidade com a saúde financeira da companhia e garantia de bons serviços aos paranaenses.

A Copel e o próprio governo do estado sofreram com essa decisão. Houve uma politização do assunto, com ilações que ignoraram o caráter técnico da decisão da Copel e de outras empresas no Brasil.

Mas o tempo é senhor da razão. Como o próprio setor elétrico alertou, foi desfavorável às empresas geradoras a proposta do governo federal, ainda que a redução de tarifa seja sempre uma causa importante. As medidas trazidas pela MP 579 desequilibraram o setor e todo mundo já sabe no que isso resultou: o governo federal se viu obrigado a fazer um reajuste extraordinário da tarifa dos consumidores em março de 2015, isso para falar somente do impacto ao consumidor.

Os fatos mostraram que a Copel estava certa em não antecipar a renovação. Agora, a Copel cumpre o compromisso de recuperar a concessão de GPS, conquista realizada no leilão de 25 de novembro e que alterou as condições da concessão em relação ao originalmente proposto.

A Usina Parigot de Souza, orgulho do Paraná, sempre ficaria em nosso estado, independentemente de quem vencesse o leilão. Mas era uma questão de honra que ela continuasse da Copel.

Luiz Fernando Leone Vianna, engenheiro eletricista, é presidente da Copel.
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