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Os caros leitores estavam habituados a ler semanalmente neste espaço o artigo do arcebispo de Curitiba. No entanto, no dia 26 de junho último, a Arquidiocese foi surpreendida pelo falecimento repentino, devido a um enfarte, de dom Moacyr José Vitti. Como administrador arquidiocesano, parodiando o papa Francisco, peço licença para bater levemente à sua porta, para uma breve mensagem semanal.

Para a Igreja Católica, no mês de agosto, enfoca-se a vocação. A nossa primeira vocação é o chamado à vida, e a resposta é pessoal e na gratuidade. Por isso o convite para que você, sua família ou comunidade reze, reflita e converse sobre o chamado que Deus faz a cada pessoa. Na Igreja é Deus que chama a uma específica vocação. É o próprio Jesus que diz "pedi ao dono da messe que mande operários para sua messe". Sendo pessoas batizadas, seguimos Jesus Cristo, e portanto somos discípulos-missionários a serviço da vida. Daí o chamado para ser Igreja missionária que vai ao encontro das pessoas para promover a vida e despertar vocações. "Ide e anunciai" é o mandato de Cristo.

Neste primeiro domingo do mês vocacional, são recordados os vocacionados para o ministério ordenado – diáconos, padres e bispos. O padroeiro do clero diocesano é o presbítero e confessor São João Maria Vianney, cuja memória é celebrada no dia 4 de agosto. Já no dia 10 de agosto são saudados os vocacionados à vida em família, com a atenção especial aos pais, no dia dedicado a eles. No domingo seguinte, dia 17, com a solenidade litúrgica da Assunção de Nossa Senhora, celebra-se os vocacionados – à vida consagrada, religiosos e consagrados seculares. No dia 24, é celebrado o ministério dos leigos; e, no último domingo, o dia dos catequistas.

Para uma resposta vocacional temos a iluminação do Evangelho deste primeiro domingo: Mateus 14, 13-21. O trecho do Evangelho é conhecido como a multiplicação dos pães. No conteúdo, entretanto, fala-se de distribuição de alimento material. Há um interrogativo a ser respondido. Jesus responde a questão da fome da pessoa humana. Fome não somente do estômago, mas de toda necessidade de vida dos homens. Então, como podemos nos aproximar dos bens deste mundo para que haja para todos e em abundância? Realmente o texto não é uma crônica de um acontecimento passado, e sim uma proposta de Jesus para ser compreendida, que seja racional, para podermos dar a nossa adesão. Jesus nos ensina como realizar hoje o milagre do qual temos tanta necessidade. Ele toma os pães e dá aqueles mesmos pães aos discípulos, e estes o distribuem à multidão. Todos comem, são saciados e há em abundância.

Os discípulos dizem que têm somente cinco pães e dois peixes, ou seja, a totalidade dos bens que a humanidade tem à disposição. A nossa objeção é de que isto é pouco e não basta. É um raciocínio que escutamos de que os bens deste mundo não são suficientes para todos. Jesus diz "tragam-me aqui. Se vocês os entregam a mim, eu vos demonstro o prodígio em que acontece a saciedade e a satisfação de todas as necessidades de vida que os homens têm". É o milagre que Ele nos ensina a cumprir hoje, se com fé entregamos a Ele tudo o que temos e somos. Em consequência, Jesus nos coloca à disposição dos outros para servirmos.

Ninguém é patrão, todos são comensais na mesa do mundo. Deus é o patrão de tudo o que a terra contém. É o Pai que sacia a fome de cada vivente. Somente o verdadeiro discípulo de Jesus pode realizar o milagre de Jesus.

Dom Rafael Biernaski, bispo auxiliar e administrador diocesano da Arquidiocese de Curitiba

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