Bom dia!
Paira um mistério sobre o edital de escolha de livros didáticos para o ano de 2020. Em um confuso vai-e-vem que já se tornou típico dos primeiros dias do novo governo federal – como mostra a matéria de Olavo Soares, da editoria de República –, ninguém sabe de onde surgiram as alterações que traziam disparates como a retirada da proibição de publicidade nos livros e da necessidade de que as obras incluíssem referências bibliográficas.
Primeiro, o Ministério da Educação atribuiu a alteração ao governo de Michel Temer (MDB), ainda na quarta (9). No mesmo dia, o ministro Ricardo Vélez Rodríguez revogou a nova versão do documento. O presidente Jair Bolsonaro (PSL), pelo Twitter, também pôs a culpa no governo anterior. Porém, o predecessor de Vélez Rodríguez, Rossieli Soares, negou. “Não posso me responsabilizar sobre publicações no Diário Oficial do dia 2 de janeiro”, disse.
Nesta quinta (10), o ministério abriu uma sindicância para investigar o que aconteceu com o edital. Há quem aposte em uma armadilha para o ministro montada por algum funcionário da pasta e quem diga que, simplesmente, alguém enviou o link errado para o Diário Oficial.
Enquanto isso, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) reclamou no Twitter sobre o tratamento dado ao período da ditadura militar nos livros didáticos. Segundo o filho do presidente, as obras apresentam “assassinos como heróis e militares como facínoras”.
MP não, SBT sim
O outro filho do presidente no Congresso, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), não compareceu ao Ministério Público do Rio de Janeiro nesta quinta para prestar depoimento sobre o caso Queiroz. O senador eleito usou de sua prerrogativa parlamentar como deputado estadual para alegar que não era obrigado a comparecer ao órgão. Em vez de prestar esclarecimento ao MP, ele preferiu dar uma entrevista ao SBT. Flávio disse que quem tem que se explicar é o ex-assessor e que a exposição do caso é uma tentativa de “desestabilizar um governo que está começando muito bem”.
Imoral
Falando em filho, no editorial de quinta-feira, a Gazeta do Povo critica a nomeação de Antonio Hamilton Rossell Mourão, filho do vice-presidente, para o cargo de assessor especial da presidência do Banco do Brasil:
A nomeação não é ilegal, pois não configura nepotismo, mas é certamente imoral. O brasileiro não elegeu Bolsonaro e Mourão para que fossem apenas um pouquinho melhores que Lula e Dilma, até porque superar o petismo no campo moral e econômico não é nada difícil. O que o eleitor espera são mudanças reais na forma de se fazer política no Brasil, o que também inclui as nomeações para cargos comissionados.
Amizade
Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro. Com a feira de indicações em pleno funcionamento, um “amigo particular” de Bolsonaro – nas palavras do presidente – foi nomeado para o segundo cargo mais alto na hierarquia da Petrobras. Carlos Victor Guerra Nagem, que se candidatou sem sucesso a uma vaga na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) pelo PSC em 2018, terá um salário estimado em R$ 50 mil.
Contra a corrente
Enquanto isso, no Paraná, a Secretaria da Educação trocou a indicação política por um teste seletivo para definir os 32 chefes de núcleos regionais de educação no estado. Uma parceria foi firmada com a Fundação Lemann para a realização da seleção. Giulia Fontes, da editoria de Política Paraná, detalha o acordo.
Pacto
No blog Conexão Brasília, André Gonçalves analisa o apoio do PSL de Bolsonaro à reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) como presidente da Câmara dos Deputados e pergunta: quem vendeu a alma para quem? Ele escreve:
Cada candidatura [de Bolsonaro à presidência da Câmara], sabidamente inviável, deu musculatura ao seu discurso antissistema. Pois bem, agora fica difícil para ele, da sua mesa no Palácio do Planalto, acreditar que vale a pena incentivar um “Bolsonaro” na disputa pela Câmara. Afinal, Bolsonaro agora é o sistema. E, ao contrário do eleitorado comum, deputados não gostam de protesto, gostam de previsibilidade (y otras cositas más).
O PSB, por sua vez, já decidiu que não vai apoiar a candidatura de Maia. O mais provável é que o bloco que a sigla forma com o PDT e o PCdoB tenha um candidato próprio. O que pesou na decisão dos pessebistas foi justamente o posicionamento do PSL. “Quando Maia não era visto como um candidato do governo, isso era um ativo dele”, confessou o líder do partido na Câmara, Tadeu Alencar, de Pernambuco.
Ocupação
Marcio Antonio Campos, do blog Tubo de Ensaio, comenta o vídeo em que a ministra Damares Alves, em uma entrevista de alguns anos atrás, se lamenta pelo fato de cientistas terem ocupado o campo da ciência (!), supostamente devido à omissão dos evangélicos. Ele escreve:
Esse negócio de “ocupar a ciência”, desse jeito como foi citado por Damares, me lembra as táticas do polvo gramscista, “ocupando espaços” para submetê-los à sua ideologia, pois a frase me permite concluir que, se os evangélicos tivessem “ocupado a ciência”, a Teoria da Evolução, apesar dos seus méritos, teria sido sufocada em favor de alguma pseudociência.
Reforma
A proposta de reforma da Previdência que Bolsonaro tem a intenção de viabilizar para o país tem semelhanças com a que o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PMN), conseguiu implantar para os servidores municipais. João Frey explica em seu blog como funciona o modelo na capital paranaense.
Venezuela
O ditador venezuelano Nicolás Maduro tomou posse nesta quinta-feira (10) para um segundo mandato como presidente que não é reconhecido por boa parte da comunidade internacional. Em seu discurso, Maduro disse que a Venezuela é o centro de uma guerra mundial inventada pelos Estados Unidos. Ele também mencionou Bolsonaro, chamando-o de fascista e dizendo que ele está contaminado pela direita venezuelana. Isabella Mayer de Moura, da editoria de Mundo, explica o que vai acontecer com a Venezuela e os problemas que o regime ditatorial deve enfrentar.
O colapso da Venezuela e a ampla contestação do resultado das eleições de 2018 deixam o país de Maduro ainda mais isolado. Entre os protestos internacionais, a União Europeia condenou as violações dos direitos humanos no país e a Organização dos Estados Americanos declarou que a eleição do chavista não teve legitimidade.
Não é o que acha, porém, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para quem a eleição de Maduro foi legítima. A senadora achou até que seria uma boa ideia viajar a Caracas para prestigiar a posse, depois de pedir bênção na carceragem da Polícia Federal em Curitiba na quinta passada (3). O PCdoB também enviou um representante à cerimônia. Já membros do PSOL, como a deputada estadual eleita Luciana Genro, do Rio Grande do Sul, criticaram o gesto de Gleisi. “Dando uma mãozinha para aqueles que querem liquidar a esquerda”, acusou ela.
Aniversários
Enquanto a Venezuela se isola cada vez mais, outro líder da extrema-esquerda parece que está tentando arejar a casa. O ditador norte-coreano Kim Jong-un fez sua quarta visita em dez meses ao país vizinho, a China. Em sua coluna, Filipe Figueiredo analisa as perspectivas da Coreia do Norte para este ano e ainda observa:
Existe uma curiosidade nos quase quatro dias de visita: é o período especulado do aniversário de Kim Jong-un. Ele seria nascido no dia 8 de janeiro e teria 35 ou 36 anos de idade; pouco de sua vida pessoal é confirmado, o que abre espaço para hipóteses como a de seu passaporte brasileiro falso que tomou as redes sociais ano passado. Ainda assim, a visita não deve ter se tratado apenas de uma festa de aniversário.
Tem outra personalidade que fez aniversário nesta quinta (10). O lutador norte-americano George Foreman completou 70 anos famoso não apenas pela performance nos ringues, mas pelo grill que leva o seu nome. No Bom Gourmet, Guilherme Grandi conta como o boxeador engatou uma segunda carreira como garoto propaganda e acabou ficando milionário.
Imagem do dia
Segredinho
Os japoneses Masao e Miyako Matsumoto são o casal mais velho do mundo em idade somada: casados há mais de 80 anos, os dois centenários somam juntos 208 anos de idade. Segundo a sua longa experiência, o segredo de um casamento duradouro é a paciência – não tanto um com o outro, mas com os percalços da vida.
Inovação
De volta à América do Sul: Luciane Belin escreve na HAUS sobre o sistema construtivo à base de madeira e garrafas PET recicláveis criado por nossos vizinhos argentinos para diminuir o déficit habitacional no país. Com baixo custo e melhor desempenho em comparação a materiais tradicionais, o sistema aguenta até terremotos.
E três cidades catarinenses – Joinville, Navegantes e Porto Belo – vão ganhar, nos próximos anos, novos bairros planejados que levam a assinatura de Jaime Lerner. A iniciativa é da Vokkan Urbanismo, que investirá R$ 300 milhões na construção de infraestrutura em regiões que têm potencial de crescimento. Confira na matéria de Aléxia Saraiva.
Aléxia também fala de um projeto que pretende fazer de Curitiba uma cidade pioneira no conceito de instituições voltadas à interatividade com os pequenos. O Trabalho de Conclusão de Curso da curitibana Rafaella Senff Peixoto propôs a construção de um Museu da Criança no Centro Cívico. Rafaella planeja apresentar a ideia ao prefeito, além de buscar investidores para o projeto.
Check-up
Fazer um check-up médico é uma resolução comum para muitas pessoas no começo de um novo ano. Mas será que é necessário procurar um médico mesmo quando não se sente nada, apenas para saber se algum problema está passando despercebido? E o mais importante: é necessário fazer todos os exames todos os anos? Caroline Furquim, do Viver Bem, explica tudo isso para você.
Tela azul
No Paraná, a saga do Novo Siaf continua. O software que deveria integrar o sistema financeiro do governo do estado tem deixado a nova administração com os cabelos em pé por falta de informações e será agora alvo de uma auditoria. O anúncio foi feito pelo secretário da Fazenda de Ratinho Junior, Renê de Oliveira Garcia Junior, que chamou o programa de “precário”. Entenda na matéria de Cristina Seciuk.
Um ótimo fim de semana para você!
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